Os familiares de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva têm vivido uma cruzada por justiça desde o assassinato do casal, em 24 de maio, numa emboscada no assentamento onde viviam, em Nova Ipixuna, Pará. Desde então, a polícia civil entregou o inquérito, apontando um mandante e dois pistoleiros. O juiz estadual, após negar dois pedidos de prisão, assinou o mandado, sob pressão social e já com a queixa do Ministério Público. Enquanto isso, os acusados fugiram, e a polícia federal ficou imobilizada pela justiça federal, que negou a competência para apurar a julgar o crime. Confira a "Carta de Desabafo" da família.
(Texto e foto Felipe Milanez - Terra Magazine)
"Carta de desabafo
Toda uma luta por um ideal
Nós, da família de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, declaramos ao mundo que somos defensores da Floresta Amazônica, da não degradação do meio ambiente, somos a favor da luta contra o desmatamento desvairado, sem planejamento. Somos a favor da vida, e isso se resume numa luta por uma causa que nós acreditamos que seja a luta certa. A luta coerente, no sentido da subsistência da sustentabilidade humana.
Desde que o meu irmão, José Cláudio Ribeiro da Silva, conhecido como Zé Cláudio, e minha cunhada, Maria do Espírito Santo, conhecida como Dona Maria, foram assassinados, a luta pela justiça, é uma constante, mesmo quando tudo parece conspirar contra.
Excepcionalmente na pessoa ilustre, sincera e humilde até hoje vivendo no assentamento da forma mais simples, o Seu Zé Ribamar, aquele que pela primeira vez falou desse Partido dos Trabalhadores a meu irmão Zé Cláudio que também humildemente teve-o como base na questão política da época, não só do mesmo quanto de também da várias organizações muito respeitadas como CPT Comissão Pastoral da terra, SEPASP, CNS Conselho Nacional dos Seringueiros e o próprio PT, na construção e elaboração, formação e mobilização de um projeto de assentamento diferenciado onde a filosofia de produção era diferente, levando em consideração a comunidade tradicional local e o equilíbrio entre a produção e conservação. Em 1997 foi criado o primeiro projeto de assentamento Agro-extrativista da região sul e sudeste do Pará com inúmeros desafios, sentimentos e propostas distintas aos fazendeiros e madeireiros da região, também, mais ainda com um comprometimento unânime e decisivo do governo da federação, ou seja, vários interesses inclusos e exclusos dentro de um espaço onde, na verdade, muitos estariam inseridos. Desde então, claramente, na história de luta e de vida de Zé Cláudio e Maria houve o contraste e o diferencial. Acreditando ser uma luta justa, verdadeira, onde traria (e trouxe) benefícios reais a todos os contemplados do PAE - praia alta e Piranheira, iniciaram uma verdadeira batalha tanto pelas questões agrárias, ambientais, quanto pela questão humanitária, já que ali, naquele lugar, esquecido pelas autoridades, existia vida, sentimento, filhos, futuro, menos lei.
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Fonte: CPT Nacional
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