domingo, 11 de setembro de 2011

Belém, 400 anos - Judeus - Terra prometida: judeus marroquinos no Pará





Quando os primeiros judeus marroquinos começaram a chegar a Belém, por volta de 1810, acreditaram estar deixando para trás os tempos da Guezerá (sentença maldita), período equivalente a 700 anos que viveram em Portugal e na Espanha sob a perseguição católica, e também o Guehinam (inferno), relativo aos três séculos de dias difíceis no Marrocos, em disputas com os mulçumanos. A Amazônia foi chamada de Gran-Eden, o jardim do Paraíso ou a Terra da Promissão. A religião foi, portanto, fio condutor da identidade dos sefaradins que vieram do Marrocos. Falavam principalmente o hatita, um dialeto misto de espanhol, português, hebraico e árabe.
A viagem para a Amazônia ficou na memória como a busca da terra prometida. Aqui fundaram as primeiras sinagogas Essel Abraham, em 1823, por Abraham Acris, e Shaar Hashamaim, em 1826, por Judah Elias Israel. Aqui criaram seus filhos e netos, casaram-se com gente da terra, transformaram-se em judeus-caboclos, segundo a feliz expressão cunhada por Samuel Benchimol, o notável memorialista da colônia.
O auge da imigração judaica ocorreu entre 1870 e 1920, quando muitos marroquinos tornaram-se grandes seringalistas, proprietários de casas aviadoras de produtos para os seringais ou ainda habilidosos comerciantes de regatão.


Fotos e textos: Belém dos Imigrantes - história e memória (2004) - Exposição organizada pelo Museu de Arte de Belém (MABE). Textos: Aldrin Moura Figueiredo.

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