domingo, 24 de abril de 2011

Reportagem - Eldorado do Carajás: veias abertas


Do Vi o Mundo


A repórter Manuela Azenha esteve recentemente em Eldorado dos Carajás, no Pará, para uma série de reportagens sobre a herança deixada por um dos incidentes mais brutais da disputa pela terra no Brasil. A seguir, o primeiro de uma série de relatos:

Era semana de festa no assentamento 17 de abril. Ainda que para homenagear as vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás, um dos episódios mais trágicos na história do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o clima era de confraternização e os convidados, recebidos com alegria.

O assentamento leva o nome da data do massacre, que ocorreu a 21 quilômetros dali, quinze anos atrás. Em marcha rumo a Belém, mais de mil sem-terra reivindicavam a desapropriação do complexo Macaxeira, terreno que hoje o assentamento ocupa. O ato culminou na morte de 19 camponeses, executados pela Polícia Militar em operação ordenada pelo governador Almir Gabriel (PSDB) e reforçada pelo secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, que autorizou o uso da força policial para retirar os manifestantes da rodovia.

Os sem-terra reagiram às bombas de gás lacrimogêneo com paus e pedras, ao que a PM respondeu disparando tiros. Segundo a perícia, no entanto, a maior parte das mortes ocorreu instantes depois do enfrentamento, quando os manifestantes já estavam rendidos. Fora os mortos, cerca de 70 manifestantes foram gravemente feridos e mutilados por armas brancas utilizadas pela polícia. Dos 154 policias denunciados pelo Ministério Público, apenas dois foram condenados: o coronel Mario Collares Pantoja e o major José Maria Pereira. Ambos aguardam em liberdade o fim do processo.

Desde então, o mês da tragédia é chamado de abril vermelho e tornou-se principal período de lutas e ocupações do MST.

Durante os dias da semana do 17 de abril, foram organizadas oficinas de artes, plenárias e debates. Na praça central do assentamento, houve shows de música todas as noites. Foi inaugurada a biblioteca José Saramago, com fotos de Sebastião Salgado decorando as paredes. Saramago fazia parte da grande rede informal de apoiadores do MST no mundo, que inclui de Chico Buarque ao grupo Rage Against the Machine, do fotógrafo Salgado ao linguista Noam Chomsky.

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Um comentário:

  1. Edmilson,
    Gostaria que você denunciasse na ALEPA, a violência, que está assolando a população de Castanhal, somente no final de semana, 11(onze) pessoas, foram assassinadas:Ronielson furtado de Andrade:Bruno da Silva Rodrigues:Rodrigo Pinho do Rosário:Harrison Pimentel Chaves:Elivelton Ferreira de Meireles:José cardoso Silva:Welligton do Socorro Moreira Ferreira:Raimundo Critovão Cruz da Luz:Amadeu Gonçalves Uchoa:Romulo Coimbra Moteiro e Reginaldo Costa. Ninguém denuncia, porque o Deputado márcio Miranda, apesar de ser de Castanhal, não faz nada, uma vez que é da base do jatene, e lider do Governo.

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