“Não se nasce mulher, torna-se.” Com essa frase, a filósofa, escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir selou o conceito de consciência de gênero: para ser mulher, não basta possuir os aspectos biológicos femininos, mas ir além, desafiar um mundo patriarcal, onde nos são negadas igualdade de direitos, independência e autonomia; construir e alimentar a consciência de ser mulher inserida nas lutas e conquistas para além do próprio tempo, abrindo espaços políticos, sociais, econômicos e culturais, por igualdade de direitos, acessos e oportunidades que considerem e respeitem as diferenças em suas especificidades.
Considerando essas diferenças, homens e mulheres são capazes de fazer tudo igualmente, desde que educados e treinados para isso. Aí, na educação e no treino, é que se instala a relação social de poder que determina, hoje bem menos do que há vinte anos, a submissão da mulher. Os homens, educados e treinados para viver o espaço público e as decisões políticas; as mulheres, educadas e treinadas para viver o espaço privado, doméstico, a casa. Isso tem mudado muito, felizmente.
Os mais jovens, que residem nas médias e grandes cidades brasileiras custam a crer que um dia foi assim: os únicos destinos considerados nobres a uma mulher eram o casamento ou o convento; mulheres passavam do domínio do pai ao jugo do marido; eram obrigadas a casar com quem os pais escolhiam; de um modo geral não estudavam, e quando estudavam, freqüentavam as chamadas escolas femininas com conteúdos pedagógicos que as mantinham submissas e não as preparavam para serem cidadãs, mas apenas donas de casa; aliás, mulheres não eram cidadãs, não votavam e não podiam ser votadas; mulheres obedeciam e apanhavam caladas de seus maridos; seus corpos serviam apenas aos desejos masculinos, jamais a seus próprios desejos; mulheres nem podiam ter desejos, a não ser os de agradar aos homens. Mulheres eram ‘de Atenas’, como cantou Chico Buarque:
“Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios…
Lindas sirenas, morenas.”
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