quarta-feira, 28 de março de 2012

História Viva - Minervino de Oliveira: um operário negro para presidência do Brasil


Minervino, de gravata borboleta, ao lado de Octávio Brandão em comício do BOC




Por Augusto Buonicore



Buonicore aborda os 80 anos da candidatura, à presidência da República, do comunista Minervino de Oliveira




Há 80 anos um candidato operário e negro foi lançado à presidência da República pelo Bloco Operário Camponês (BOC), sigla que encobria a atuação eleitoral do Partido Comunista do Brasil. Os resultados eleitorais não foram positivos; mas, sem dúvida, o fato tem um valor simbólico para esquerda de nosso país. Afinal, foi a primeira vez que os comunistas brasileiros disputaram cargos majoritários. O nome do candidato era Minervino de Oliveira.

Minervino nasceu no Rio de Janeiro em 1891, três anos após a abolição da escravidão. Aos dez anos já trabalhava em fábricas como aprendiz de tecelão. Logo em seguida, se iniciou no ofício de marmorista, passando atuar no movimento sindical carioca. Rapidamente, transformou-se numa importante liderança sindical e ingressou no PC do Brasil.

No primeiro de Maio de 1924, Minervino discursou em nome do Centro dos Operários Marmoristas. Este, por sinal, foi o primeiro comício no qual falou, oficialmente, um representante do recém fundado Partido Comunista. Esta honra coube a Paulo de Lacerda.

O prestígio de Minervino entre os operários era tão grande que, em 1928, o Bloco Operário e Camponês (BOC) decidiu indicá-lo para concorrer a uma das vagas de intendente (vereador) no município Rio de Janeiro. Seu companheiro de chapa foi Octavio Brandão, importante dirigente nacional do PC do Brasil. A eleição era distrital e cada um concorreria por um dos distritos da capital.

Os dois arregaçaram as mangas a partiram para campanha. Realizaram dezenas de comícios em bairros populares e nas portas das fábricas. A polícia acompanhou cada passo dado por eles. No dia 27 de setembro, por exemplo, um comício na porta do Arsenal da Marinha foi dissolvido à bala. Escreveu Octavio Brandão: "O Arsenal era considerado praça de guerra. Mas, os dois candidatos não respeitaram a proibição e, em setembro de 1928, fizeram um grande comício junto ao portão. Foram presos. Os operários ofereceram resistência. A polícia atirou. Raimundo de Morais, trabalhador do Arsenal, teve o cérebro atravessado por uma bala e caiu morto, fulminado".

As regras eleitorais daquela época permitiam que os eleitores dessem até oito votos para o candidato escolhido. Apuradas as urnas, constatou-se a eleição de Octavio Brandão pelo Primeiro Distrito. Ele obteve 7.638 votos – ou seja, pelo menos 995 eleitores votaram no seu nome. Minervino de Oliveira, pelo Segundo Distrito, conseguiu 8.160 votos (1.020 eleitores), mas ficou em 13º lugar. Havia apenas 12 vagas em jogo.

Para ler a íntegra da matéria, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário