quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sessão busca a valorização dos Soldados da Borracha

 
“É importante viabilizar o reconhecimento concreto dos Soldados da Borracha como heróis da pátria”, defendeu o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL), durante a sessão especial realizada nesta quinta-feira, 26, na Assembléia Legislativa do Pará, por iniciativa dele. Os homens recrutados pelo governo federal para os seringais da Amazônia com o objetivo de atender os interesses bélicos dos norte-americanos, durante a II Guerra Mundial, hoje estão na faixa dos 80 anos e necessitam de ajuda para viabilizar a pensão vitalícia de R$ 1.200 e serem reconhecidos como militares, alcançando direitos como aposentadoria de R$ 4.500, crédito, 13º salário e atendimento no hospital militar.
 
Da sessão especial, saiu uma Carta do Pará de apoio à aprovação da PEC 556, que transforma a pensão de 2 salário mínimo em aposentadoria equiparada a dos pracinhas, que é de R$ 4.500. Os soldados que sobreviveram nos seringais, principalmente devido a doenças como a malária, estão sem saúde e com pouca renda para sobreviver com dignidade.
 
Muitos desses soldados vieram da região Nordeste do País, principalmente do Ceará, onde sofriam com a seca e viam na Amazônia a oportunidade de uma nova vida. Esses trabalhadores foram recrutados, na condição de militares, e, inclusive, podiam escolher se desejavam ir para o front de guerra, nos Estados Unidos, ou para os seringais da Amazônia, conforme explicou o defensor público do Estado, Carlos Eduardo Barros da Silva, que participou da sessão.
 
Há cerca de três anos, ele iniciou o atendimento de alguns desses homens e familiares que foram vítimas de estelionatários na busca pela pensão, garantida em lei, junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Silva coordena um mutirão de atendimento a esse público, na Defensoria Pública do Estado. Hoje, 12 mil pessoas recebem o benefício no Brasil, sendo 1.200 no Pará, sendo este o terceiro Estado em maior número de Soldados da Borracha e dependentes ainda vivos, depois do Acre e do Amazonas. No Pará, as regiões com maior concentração desse público são o Xingu e o Tapajós.
 
“Malária, beri-beri índio, cobra, onça, enfrentamos todo tipo de coisa”, relatou o paraense Paulo Marques do Nascimento, de 83 anos, que trabalhou 12 anos no seringal do rio Javari, no interior do município de Benjamin Constant, no Amazonas. Já José Aires Almeida, de cerca de 90 anos, hoje doente de Alzheimer, contou ter sido recrutado pelo Exército no interior do Amazonas, ainda com 17 anos, junto com o pai. Eles foram trazidos ao Pará, onde, após oito meses, o pai adoeceu e os dois fugiram para Belém. Pai e filho passaram a vida sem voltar a ter contato com o restante da família. Aires conseguiu reencontrar os irmãos após 60 anos.
 
“A maioria dos Soldados da Borracha morreu à míngua. O Estado brasileiro não se preocupou em guardar essa história. Temos uma lista de 14 mil nomes, que pode representar apenas parte desses soldados”, destacou o defensor público estadual. A Professora Doutora em História, Edilza Fontes, apontou a necessidade de levantar documentos que possam trazer mais elementos para o registro dos homens recrutados para atuar na Amazônia: “Os relatórios da época falam da necessidade de trazer 100 mil homens para a Amazônia”, disse.
 
Na sessão também estavam os defensores públicos federais, Thalita Graceli e Eduardo Tavares; o cineasta Cesar Garcia Lima, diretor do premiado documentário “Soldado da Borracha”; o vice-presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha de Rondônia, George de Menezes; e o analista previdenciário João Amarildo Pinheiro.
 
Assessoria de Imprensa

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