“É importante viabilizar o reconhecimento concreto dos
Soldados da Borracha como heróis da pátria”, defendeu o deputado estadual
Edmilson Rodrigues (PSOL), durante a sessão especial realizada nesta quinta-feira,
26, na Assembléia Legislativa do Pará, por iniciativa dele. Os homens recrutados
pelo governo federal para os seringais da Amazônia com o objetivo de atender os
interesses bélicos dos norte-americanos, durante a II Guerra Mundial, hoje
estão na faixa dos 80 anos e necessitam de ajuda para viabilizar a pensão
vitalícia de R$ 1.200 e serem reconhecidos como militares, alcançando direitos
como aposentadoria de R$ 4.500, crédito, 13º salário e atendimento no hospital
militar.
Da sessão especial, saiu uma Carta do Pará de apoio à
aprovação da PEC 556, que transforma a pensão de 2 salário mínimo em
aposentadoria equiparada a dos pracinhas, que é de R$ 4.500. Os soldados que
sobreviveram nos seringais, principalmente devido a doenças como a malária, estão
sem saúde e com pouca renda para sobreviver com dignidade.
Muitos desses soldados vieram da região Nordeste do País, principalmente
do Ceará, onde sofriam com a seca e viam na Amazônia a oportunidade de uma nova
vida. Esses trabalhadores foram recrutados, na condição de militares, e,
inclusive, podiam escolher se desejavam ir para o front de guerra, nos Estados Unidos, ou para os seringais da
Amazônia, conforme explicou o defensor público do Estado, Carlos Eduardo Barros
da Silva, que participou da sessão.
Há cerca de três anos, ele iniciou o atendimento de alguns
desses homens e familiares que foram vítimas de estelionatários na busca pela
pensão, garantida em lei, junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS). Silva coordena um mutirão de atendimento a esse público, na Defensoria
Pública do Estado. Hoje, 12 mil pessoas recebem o benefício no Brasil, sendo
1.200 no Pará, sendo este o terceiro Estado em maior número de Soldados da
Borracha e dependentes ainda vivos, depois do Acre e do Amazonas. No Pará, as
regiões com maior concentração desse público são o Xingu e o Tapajós.
“Malária, beri-beri índio, cobra, onça, enfrentamos todo
tipo de coisa”, relatou o paraense Paulo Marques do Nascimento, de 83 anos, que
trabalhou 12 anos no seringal do rio Javari, no interior do município de
Benjamin Constant, no Amazonas. Já José Aires Almeida, de cerca de 90 anos,
hoje doente de Alzheimer, contou ter sido recrutado pelo Exército no interior
do Amazonas, ainda com 17 anos, junto com o pai. Eles foram trazidos ao Pará,
onde, após oito meses, o pai adoeceu e os dois fugiram para Belém. Pai e filho
passaram a vida sem voltar a ter contato com o restante da família. Aires
conseguiu reencontrar os irmãos após 60 anos.
“A maioria dos Soldados da Borracha morreu à míngua. O
Estado brasileiro não se preocupou em guardar essa história. Temos uma lista de
14 mil nomes, que pode representar apenas parte desses soldados”, destacou o
defensor público estadual. A Professora Doutora em História, Edilza Fontes,
apontou a necessidade de levantar documentos que possam trazer mais elementos
para o registro dos homens recrutados para atuar na Amazônia: “Os relatórios da
época falam da necessidade de trazer 100 mil homens para a Amazônia”, disse.
Na sessão também estavam os defensores públicos federais,
Thalita Graceli e Eduardo Tavares; o cineasta Cesar Garcia Lima, diretor do
premiado documentário “Soldado da Borracha”; o vice-presidente do Sindicato dos
Soldados da Borracha de Rondônia, George de Menezes; e o analista previdenciário
João Amarildo Pinheiro.
Assessoria de Imprensa
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