Por Paulo Fonteles Filho
Para Edmílson Rodrigues
Daqui, velho companheiro,
vejo as imensas fogueiras aturdidas no céu
com suas profundezas remotas e estendidas
na alma da mulher amada.
O que faremos com nossos espíritos vocacionados
para a lavra dos cavaleiros rudes
ou mesmo talhados tal qual a mão camponesa?
O que faremos com nossos poetas beberrões e estiolados?
Tais homens descalços,
guerrilheiros das vastas cidades rumorosas
nos acodem quando seguimos coléricos
e se precipitam por nossas bocas
e pela pele das palavras assumimo-los,
mesmo que mortos,
mesmo que o latifúndioda mediocridade
lhes sentencie ao punhal da críticanos salões marmóreos.
Não cortaremos nossas línguas.
Dos colonizadores retemos o idioma e o ódio.
Nas rebeliões somos a lança de mil Guaimiabas.
Evocamos o sangue do gatilheiro Quintino.
Da lâmina cortante gestou nossa fala.
Nos teatros da infâmia estadunidense
a policia política
prendeu a atriz: ela declamava um poema de Pablo Neruda.
Nos revoltamos.
Quase não dormimos pois que algo
pulsa dentro das veias.
E não é apenas sangue
senão a inarredável crença no futuro.
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