quinta-feira, 10 de março de 2011

Brasil - Política Urbana: sob o domínio do capital

Do Correio da Cidadania


No que já se tornou uma regra, o verão brasileiro mais uma vez foi permeado por desastres oriundos de chuvas. Chuvas e catástrofes são praticamente sinônimas nestes tristes trópicos. Em São Paulo, maior metrópole do país, a espiral de problemas trazidos pelas chuvas tem tornado a cidade cada vez mais insustentável, bastando alguns minutos de chuva para deixar de funcionar.

Em entrevista ao Correio da Cidadania, a urbanista e professora da FAU-USP Ermínia Maricato descreve um panorama desalentador a respeito da gestão de uma cidade, que, mesmo afundando, não traz indícios de reversão das atuais lógicas predatórias de ocupação do solo. O domínio da especulação imobiliária e a incessante construção de vias asfaltadas, que agrava o quadro de “uma das maiores áreas impermeáveis do mundo”, articulam-se a partir de poderosos grupos e interesses econômicos, que imperam cada vez mais soberanos em meio ao descaso público e à apatia social.

Em face destas constatações, a recente tomada do Ministério das Cidades por interesses políticos imediatos, assim como o estrondoso corte de verbas de que foi vítima, em pleno começo de uma nova gestão presidencial, nem mesmo chegam a ser surpreendentes. “Os governantes começam obras que eles podem acabar em quatro anos. Drenagem e sistema de transporte de massa não são obras para quatro anos. Toda a criação de uma gestão sobre o solo não é coisa de curto prazo”.

Em uma metrópole comprometida já a partir de sua concepção histórica, a urbanista é ainda veemente em dizer que o mero apontamento de erros, a partir de velhas e novas concepções de planejamento urbano, se tornou uma postura insuficiente e inócua.


Correio da Cidadania: Chuva e catástrofe viraram sinônimos na cidade de São Paulo. Basta que chova em média intensidade e são milhares de pontos alagados e vias congestionadas. Onde estão as raízes estruturais dessa rotina ‘trágica’ em que se transformou a vida dos paulistanos?

Ermínia Maricato: Em primeiro lugar, se formos ver o que acontece em vários aspectos da vida da cidade, esse não é o único fenômeno catastrófico. As conseqüências da poluição do ar são, por exemplo, outro fenômeno muito negativo. Há pesquisas que fazem correlação entre mortes por problemas cardíacos, dentre outras, com a poluição, que só neste momento aparecem. Acredito que o problema das enchentes fica mais evidente porque as pessoas que andam de automóvel vêem um trânsito cada vez mais caótico, de forma clara.

A cidade de São Paulo é uma das maiores áreas impermeabilizadas do mundo. Não sou eu que acho, e sim diversos especialistas do mundo que já vieram aqui e ficaram muito impressionados com a gigantesca superfície impermeabilizada – esse é o grande problema. E tivemos políticas que trabalharam para impermeabilizar o solo e fazer o mesmo com os canais de drenagem da cidade, e que não foram fruto somente de uma política rodoviarista, de prioridade ao automóvel, mas também de uma engenharia vesga; fizeram as marginais dos rios, impermeabilizando assim o principal meio de extravasamento de sua água, as avenidas de fundo de vale, a canalização de córregos, a própria retificação do rio Tietê, que era cheio de meandros em suas várzeas…

Tivemos grandes obras que contribuíram para apressar o caminho das águas, o escoamento para as calhas, sem retenção d’água. O processo de urbanização da cidade foi acompanhado de erros, é importante dizer, não foi natural.

Agora, incidimos em novos erros, como os piscinões. Como se apressaram as águas, o que não pode ocorrer, estamos retardando o caminho delas através dos piscinões. Não estou sequer os criticando nessa situação de emergência, mas são muito discutíveis. E, além disso, não fazemos o necessário: diminuir um pouco a superfície impermeável e torná-la permeável, ter diretrizes para a cidade. É preciso retirar aquilo que impermeabiliza a cidade, não apenas fazer piscinão. A ampliação da Marginal feita pelo Serra foi completamente na contramão de tudo que deveria ser feito.

Correio da Cidadania: Isto é, por mais que os problemas aumentem, os paradigmas não mudam.

Ermínia Maricato: Exatamente. Estamos diante do rodoviarismo, a principal causa disso tudo, do desprezo impressionante pelas causas reais dos problemas, como no caso da drenagem da cidade, algo muito pouco observado.

O Alckmin até fez mais do que o Serra, mas devemos insistir na observação da questão do controle da ocupação e uso do solo, suas diretrizes, do que decorrem todos os problemas destacados.

Para ler a entrevista completa, clique aqui.

2 comentários:

  1. Para mim um dos problemas principais, ainda é a falta de oportunidade que são negadas a algumas pessoas, e estas pessoas pela ilusão de uma melhoria de vida, se lançam ao infortunio de oportunidades e se decepcionam além de acontecer um enorme exôdo para áreas, lugares que não é o de sua origem. Sabemos que todos somos filhos de uma enorme Nação chamada Brasil,e que temos direito de irmos para onde puder, mas deveria ser investido nestas pessoas condições de sustentabilidade nas suas áreas de origem, além do que, ser fiscalizado invasões desgovernadas sem estruturas necessárias a vida. Saneamento, sáude , educação e outros.É uma vergonha os nossos governantes, veja só foram considerados os maiores usurpadores de sonhos de uma população carente, cofres públicos e outros. Segundo uma pesquisa , os politicos são os maiores ladrões do nosso país.Dizem que estamos em um país Democrático, pois eu não vejo isto, e sim um pais onde quem tem dinheiro dita as regras, portanto um país de ditadores e por outro lado , anarquista, onde as leis não são cumpridas, são desmoralizadas. Se eu falar mais o que penso serei executada. Onde estamos, em que País vivemos, somos esmagados pelos capitalistas corruptos, um país que não podemos dizer nossas dores, quem nos escuta? Para mim só Deus, pois aquele que crê que ele existe, aprende a se alimentar em sua esperança, e vai vivendo só de ilusões. O poder tem que ser renovado, olhai as crianças, os idosos, os animais, as mulheres que são assassinadas em números alarmantes pelos machistas que até sorriem debochando quando mais uma é morta, os animais abandonados, esquartejados nas ruas como os cavalos , cachorros e gatos.... Queremos solução para a vida, a criminalidade aumenta, pois tem sempre uma pessoa sem resposabilidade que compra o roubo de alguém, formando assim a fábrica de delinquentes. Pense, Aja, mude e faça o mundo mudar.

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  2. COMPANHEIRO EDIMILSON NÃO DEIXE SE ABATER PELO CANSAÇO LEMBRE-SE QUE ESTE É SÓ UM DOS MUITOS PROBLEMAS QUE INFRETAM NOSSAS CIDADES, TE ESPERAMOS NO MUNICIPIO DE BREU BRANCO, PARA SABERMOS EM QUE PODEREMOS CONTRIBUIR COM O SEU MANDATO E VC CONTRIBUIR COM A MELHORIA DE BREU BRANCO.

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