quinta-feira, 10 de março de 2011

Resistência - Edmilson: “Belo Monte ameaça a soberania nacional”


"Belo Monte não trará nada de positivo para o povo brasileiro e da Amazônia e ainda ameaça nossa soberania". A avaliação é do deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL), que tem se posicionado contrário a construção da usina hidrelétrica em todas as manifestações que fez na tribuna desde o início de seu mandato. "Esse é um projeto estratégico para os grandes agentes econômicos do mundo. É uma obra que movimenta interesses poderosos, especialmente dos 'gigantes da água', que não tem nenhum compromisso com o social ou com nossa nação", destacou.
O deputado relembra que o projeto hidrelétrico ao qual Belo Monte está inserido começou a ser elaborado ainda no regime militar. Mas, foi no governo Fernando Henrique Cardoso que ele voltou à pauta, sendo que nos dois mandatos do Presidente Lula ele ganhou força, sobretudo a partir de 2005. Agora, com a Presidente Dilma Rousseff, considerada a "mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)" Belo Monte ganhou status de prioridade e foi inserido no programa. "O governo federal demonstra, claramente, estar trabalhando a serviço do capital internacional, e não da nação porque entrega a implantação e exploração da usina nas mãos de agentes hegemônicos que tem o interesse de dominar todos os territórios do mundo para uso mercantil dos recursos hídricos", ressaltou.

Um custo socioambiental impagável


Edmilson chama a atenção para o fato de que a produção energética de Belo Monte será pequena diante do investimento e dos impactos ambientais e sociais da obra. De acordo com ele, inicialmente, a Eletrobras e Eletronorte afirmaram que a produção seria de 12 mil megawatts/hora. Porém, depois que estudos técnicos foram feitos, as empresas foram obrigadas a admitir que a produção média de energia firme seria de cerca de 4,7 mil megawatts/hora, deixando de informar, inclusive, que em parte do ano (cerca de três meses) a média de produção ficará aquém dos dois mil megawatts/hora, por conta da baixa do rio Xingu. "Além disso, é bom lembrar que essa energia não será destinada à população, mas aos grandes projetos e grandes corporações", disse Edmilson.
Outro ponto para o qual o deputado chama a atenção é o custo da obra. De acordo com ele, inicialmente, foi anunciado que ela estaria orçada em cerca de US$ 4 bilhões, depois passou para pouco mais de US$ 6 bilhões. Agora, já se fala que a obra não poderá ser feita com menos de R$ 33 bilhões. "No mesmo período em que o governo federal anunciou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento, liberou quase o mesmo valor para o BNDES investir em projetos, com prioridade para Belo Monte", destacou. "As empresas que executarão e controlarão a usina irão se capitalizar logo no início do empreendimento porque o governo federal emprestará dinheiro para a implantação, com carência de cinco anos e juros de 4% ao ano. Isso é fazer farra com dinheiro público", criticou Edmilson.
Além disso, o deputado estadual ressalta que os impactos ambientais são inestimáveis e que o projeto não realizou estudos técnicos precisos capazes de medi-los. "Um total de 11 municípios serão atingidos, diretamente, pela usina, o que representa cerca de 300 mil habitantes e pelo menos 15 povos indígenas. Só numa das áreas indígenas cerca de 100 quilômetros na chamada Volta Grande do Xingu será ensecada", destacou. "É preciso debater esse tema e ouvir as comunidades e todos os envolvidos", concluiu.

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