terça-feira, 8 de março de 2011

8 de Março, Dia de Luta - Paris, 1871, Comuneiras


Por Eduardo Galeano (Espelhos, Porto Alegre, RS: L&PM, 2009, p.216).


Todo poder para os bairros. Cada bairro era uma assembleia.
E por todos os lados, elas: operárias, costureiras, padeiras, cozinheiras, floristas, babás, faxineiras, passadeiras, garçonetes.
O inimigo chamava de pétroleuses, incendiárias, aquelas fogosas que exigiam os direitos negados pela sociedade que tantos deveres lhes exigia.
O voto feminino era um desses direitos. Na revolução anterior, a de 1848, o governo da Comuna tinha rejeitado essa exigência por 899 a um. (Unanimidade menos um).
Essa segunda Comuna continuava surda às demandas das mulheres, mas enquanto durou, no pouco que durou, ela opinaram em todos os debates e ergueram barricadas e curaram feridos e deram de comer aos soldados e empunharam armas dos caídos e lutando caíram, com lenço vermelho no pescoço, que era o uniforme de seus batalhões.
Depois, na derrota, quando chegou a hora da vingança do poder ofendido, mais de mil mulheres foram processadas pelos tribunais militares.
Uma das condenadas à deportação foi Louise Michel. Essa professora anarquista tinha entrado na luta com uma velha carabina e em combate havia merecido um fuzil Remington, novinho. Na confusão fibal, salvou-se de morrer, mas foi mandada para o exílio, na ilha de Nova Caledônia.


Foto: Louise Michel, em pé, ao centro, em detalhe de imagem de prisioneiras no presídio de Chantiers, em Versalhes, em 15 de agosto de 1871. Reprodução publicada em Revoluções (organização de Michael Lowy, São Paulo: Boitempo, 2009, p. 64)

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