Quem está surfando na onda de separatismo que banha o Estado do Pará faz parte do grupo que se preocupa mais com a sua prancha colorida do que com a gênese e efeitos da marola.
Sabe-se que uma série de conveniências existe em grupos muitas vezes antagônicos. Há os ecologistas preocupados com a agressão ao meio ambiente, há os pecuaristas votando por mais áreas para o gado, há os madeireiros que alegam a extrema necessidade de matéria prima existente na floresta nativa e há, acima de tudo e de todos, os políticos que além de promessas a grupos interessados na divisão do Estado pelos motivos referidos pensam no quanto a divisão lhes dará em favores que vão de votos em novos redutos eleitoreiros a estimativa de renda, no quanto a medida pode favorecer a interesses particulares.
Chega a ser engraçado quando se fala em contenção de despesa, em drible na inflação, pensar em se criar mais cargos a partir dos Estados a surgir. Vai se pagar mais governadores, senadores, deputados federais e estaduais, e despesas de gabinetes para tantos que aproveitarão uma oportunidade não conseguida no plano geopolítico atual. Além disso, o serviço burocrático aumentará a chance de evasão de divisas e o mais que possa usufruir a corrupção latente.
Quem advoga uma descentralização de poder, setorizando fontes de riqueza, lembram o dito popular de que “se despe um santo para vestir outro”. No caso é muito mais um veiculo de empobrecer um Estado em troca de um canal suscetível de falcatruas que desfavorece a expectativa de melhor controle de investimentos & arrecadação.
E cabe uma pergunta que não é nova: por que o Pará? Antes ele perdeu o Amapá. Com nova divisão deixa no pódio dos grandes Estados apenas o Amazonas onde será centralizada a questão florestal e onde o amparo fiscal de zona franca (e até sede de partidas da próxima Copa do Mundo de Futebol) testemunha aquilo que se pode chamar com bom humor “um golpe de sorte.
Para se ter uma idéia do pouco prestigio paraense basta lembrar o episódio do lixo radioativo que estava destinado a uma área próximA de Belém. O governador paraense da época, Helio Gueiros, bateu os pés contra a medida. Venceu. Hoje não se sabe se alguém tem sapatos para repetir a façanha quando se fala em divisão. O povo sim. E plebiscito só nas regiões a serem divididas (ou nos novos Estados) só pode ser piada. É como perguntar a um apostador da Sena se ele quer ganhar....
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