terça-feira, 17 de maio de 2011

Ética na política/CPI, já - Edmilson: "Que se apure todas as falcatruas e que os culpados paguem por seus crimes."

Da tribuna da Alepa, na manhã de hoje (17), o deputado Edmilson Rodrigues fez um duro discurso em favor da instalação imediata da CPI e denunciando a articulação de uma campanha para desmoralizar aqueles que têm defendido a apuração de todas as falcatruas na Assembleia.
A seguir, a íntegra do pronunciamento:




"Mais uma vez sou obrigado a subir a esta tribuna para tratar do tema da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias de desvio de recursos na Assembleia Legislativa do Pará. Há exatos três meses este Poder sangra com uma gigantesca avalanche de revelações que descortinam a existência de um extenso e profundo esquema de roubo de dezenas de milhões de reais do contribuinte paraense, e para uma parte majoritária desta Casa é como se nada estivesse acontecendo.
O Poder Legislativo mergulha num verdadeiro mar de lama, com sua credibilidade se estilhaçando diariamente, mas parece que vivemos aqui em outro planeta, onde desculpas esfarrapadas e medidas tão açodadas quanto ineficazes tentam em vão resolver o problema. Ao contrário, essa postura está jogando mais lenha na fogueira e aproximando a situação de um caminho sem retorno.
No primeiro momento as suspeitas estavam voltadas para fraudes na folha de pagamento. Hoje, após as ações coordenadas pelo Ministério Público do Estado é plenamente lícito supor que a rapinagem contaminou toda a gestão administrativa, atingindo, em grande medida, contratos e convênios, o que nos coloca diante de um escândalo sem precedentes em toda a história deste Legislativo.
Então, pergunto: o que está impedindo a imediata instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, solicitada por mim desde o dia 22 de fevereiro?
Vou direto ao ponto, sem rodeios: quem está reiteradamente contra a CPI precisa explicar à sociedade paraense de que, efetivamente, tem medo? Quem teme a investigação – e pior, trabalha para inviabilizá-la – passa a impressão de ter muita coisa a esconder. Essa não é uma postura que dignifique a missão constitucional que cada um de nós recebeu pelo voto soberano do eleitor do Pará.
A alegação de que outros órgãos já investigam – e o fariam com maior isenção que uma CPI – é uma falácia. As investigações não são concorrentes, mas sim complementares entre si. E, mais importante que isso, esta Assembleia tem o dever de se autoinvestigar, e a CPI é o instrumento constitucional vocacionado para isso.
Alegar que uma CPI seria um espaço político é outra alegação absolutamente pueril. Tudo aqui, senhores e senhoras, nesta Casa, é essencialmente político. A função de um deputado, aliás, é dignificar a política e não torná-la objeto da repulsa popular, como infelizmente vem acontecendo.
Já falei e aqui reitero: não me move ao propor a CPI e defendê-la de forma tão enfática qualquer interesse subalterno. Não pretendo perseguir nem prejulgar quem quer que seja.
Mas, por outro lado, não tenho compromisso com a proteção aberta ou velada de qualquer malfeito. Meu mandato não está nem jamais estará a serviço da impunidade e da preservação de quaisquer esquemas criminosos.
Aproveito para agradecer as assinaturas da bancada do PT e do PPS. E apelo para que além de subscrever o requerimento possamos juntar forças numa militância ativa em defesa da transparência e da mais completa apuração de todas as denúncias, doa a quem doer. Faltam apenas quatro assinaturas. Essa meta é possível e responde a um anseio social crescente que este Poder não pode simplesmente desconhecer.
Finalmente, não poderia deixar de me referir a um determinado tipo de campanha que começa a ganhar corpo em alguns meios de comunicação. Esta campanha objetiva desmoralizar e intimidar aqueles que defendem a CPI. Esse tipo de procedimento escuso jamais vai me fazer recuar. Não devo meu mandato a nenhum grupo de comunicação, nem devo obediência a nenhum pretenso chefe político. Meus 85.412 mil votos foram o reconhecimento do povo paraense a várias décadas de militância em favor de um mundo livre de todas as formas de exploração e opressão, o que significa um compromisso de vida – inarredável e inegociável – com a honestidade no trato da coisa pública.
Que este Poder se ponha de pé e assuma suas responsabilidades. Passar a limpo toda a sujeira que inunda as páginas dos jornais todos os dias é nossa obrigação. Espero, sinceramente, poder contar o apoio efetivo da maioria desta Casa.
Que venha a CPI. Que se apure todas as falcatruas e que os culpados paguem por seus crimes.
Que esta Assembleia Legislativa não siga se desmoralizando perante o povo paraense".

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