Stuart Jones, atleta, professor, dirigente revolucionário, seu corpo permanece desaparecido
"Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar"
"Angélica" - Chico Buarque
Rio de Janeiro, 14 de maio de 1971, 9 horas da manhã. Militares do Cisa (Centro de Informações da Aeronáutica) prendem o militante Stuart Edgar Angel Jones, à época membro da direção do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8.
Antes que o dia termissasse, Stuart Jones seria supliciado até a morte nas dependências da Base Aérea do Galeão.
O preso político Alex Polari, em carta à mãe de Jones, a estilista Zuzu Angel, relata os últimos momentos dele nas mãos dos torturadores:
"(...)Consegui com muito esforço olhar pela janela que ficava a uns dois metros do chão e me deparei com algo difícil de esquecer: junto a um sem-número de torturadores, oficiais e soldados, Stuart, já com a pele semiesfolada, era arrastado de um lado para outro do pátio, amarrado a uma viatura e, de quando em quando, obrigado, com a boca quase colada a uma descarga aberta, a aspirar gases tóxicos que eram expelidos."
O corpo de Stuart Jones jamais foi encontrado. O crime ganhou a manchetes da imprensa internacional, enquanto no Brasil vigorava a mais rigorosa censura.
Zuzu Angel, após anos de denúncias, acabou vítima de uma morte trágica em 1976. O acidente de carro que a matou ainda permanece cercado de mistério, mas muitos indícios apontam para o envolvimento de agentes dos órgãos de repressão militar.
Fonte: Habeas Corpus - que se apresente o corpo - A busca dos desaparecidos políticos no Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2010).
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