quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Cabanagem, 177 anos - A Revolução paraense

O Cabano Paraense. Pintura de Alfredo Norfini, 1940. Museu de Artes de Belém.



O nome “Cabanagem” remete à Revolução Paraense durante a guerra-civil amazônica de 1835-1840 a cabo de sucessivos conflitos políticos - 30 mil mortos numa população de 100 mil habitantes! - com antecedentes na pregação liberal do jornal "O Paraense", fundado por Felipe Patroni; e na agitação popular para adesão do Pará à Independência do Brasil, em 1823.

Conforme tese do sociólogo Pasquale di Paolo, em "Cabanagem - A Revolução Popular da Amazônia", a invasão de Caiena (1809-1817) por tropas paraenses por ordem do rei Dom João VI instalado com a corte portuguesa no Rio de Janeiro, em represália à invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte; produziu autêntico tiro pela culatra... O fato de que estas tropas do Pará com soldados tapuios, cabocos e negros libertos sob comando militar anglo-lusitano entrar em contato com a população crioula da Guiana francesa e a Revolução republicana na colônia vizinha ocupada, bem como as notícias ali da recente independência do Haiti (1794); emancipado por Toussaint l'Ouvertura; um escravo libertador de outros escravos no primeiro país latino-americano independente da Europa.

Desde então, a retorno das tropas de Caiena ao Pará passou a "contagiar" a população com ideias subversivas da República e da abolição da escravatura. Em Belém, o bairro da Campina passaria a ser reduto da revolução enquanto através do rio Guamá lavradores do Acará, Barcarena, Vila do Conde, Beja e Muaná, na ilha do Marajó; seriam pouco a pouco recrutados pela causa por diversos elementos que buscavam abrigo no interior fugindo da violência e arbitrariedade dos agentes imperiais. As condições peculiares da Amazônia no século da revolução industrial, o isolamento geográfico e a navegação dependente do regime de ventos e correntes marítimas mantinham a dependência de Belém em relação a Lisboa inalterada, e o monopólio do comércio por portugueses e ingleses acentuava os conflitos herdados em dois séculos de colonização. Pode-se compreender o sentimento de frustração e revolta do povo do Pará com o regime imperial do Rio de Janeiro, muito mais a desconfiança mortal criada pela truculência do agente inglês John Pascoe Greenfell mandado por Lord Cochrane obter a Adesão do Pará que, em vez de apoiar os paraenses do movimento popular de 14 de Abril os quais proclamaram a Adesão em Muaná, a 28 de Maio de 1823; colocou-se claramente ao lado dos opressores com a presepada de 15 de agosto. A qual de engano em engano desatou a Tragédia do Brigue Palhaço, em outubro do mesmo ano. Ferida aberta na memória paraense e que, na opinião unânime dos historiadores, se tornariam no estopim da invasão de Belém pelos cabanos de 7 de Janeiro de 1835.

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