domingo, 22 de janeiro de 2012

Maré de resistência - Criador do Occupy Wall Street quer novo partido nos EUA e reinvenção da esquerda

Do Operamundi

Muita gente nunca ouviu falar na revista Adbusters. Editada em inglês em Vancouver, no Canadá, a publicação com tiragem mundial de 120 mil exemplares tem como objetivo declarado desestabilizar as estruturas de poder existentes no mundo e forjar uma mudança na forma como as pessoas viverão no século 21. Missão impossível? O editor-chefe da revista, Kalle Lasn, garante que não. Foi com essa certeza que a modesta revista iniciou um movimento que promete abalar as estrtuturas do sistema politico norteamericano neste ano eleitoral

Reprodução
Inspirado pelos acontecimentos da Primavera Árabe, Lasn e sua equipe criaram uma peça publicitária [imagem ao lado]em que uma bailarina pairava sobre o touro símbolo de Wall Street. O texto fazia apenas uma pergunta: “Qual a sua exigência?”, divulgava a hashtag #occupywallstreet e pedia para as pessoas levarem uma barraca para o centro financeiro de Nova York no dia 17 de setembro do ano passado.

O chamado catalizou a insatisfação, em especial dos jovens, com a crise econômica internacional, com a concentração de riquezas e com a influência cada vez maior das corporações sobre governos em todo o mundo. Milhares de pessoas atenderam ao pedido e ocuparam praças e outros espaços públicos nas principais capitais dos Estados Unidos e em mais de 1.500 cidades em 83 países. Lasn, um estoniano de 69 anos radicado no Canadá desde a década de 1980, ainda se surpreende ao analisar a dimensão do movimento. Nesta entrevista, ele fala da decepção com o governo de Barack Obama, explica por que é contra as corporações e como trabalha para criar um terceiro partido nos Estados Unidos.

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Como surgiu a ideia do Occupy Wall Street?
Quando começou a acontecer a mudança de regime na Tunísia, um momento muito excitante para o ativismo em todo o mundo e especialmente para nós, que vínhamos pedindo por esse tipo de revolução há 20 anos. Depois houve no Egito uma mudança de um regime duro instigada por jovens a partir do uso das mídias sociais e que levou as pessoas às ruas para exigir mudanças. Tudo isso nos fez pensar que nos Estados Unidos também há um tipo de regime. Não é como o do Egito, mas ainda assim é um regime que tem o poder, em que as megacorporações tem o poder de controlar Washington, o coração da democracia americana, e Wall Street, que tem o poder de controlar o destino econômico da América. Muitos jovens nos EUA sentem que todos os aspectos de suas vidas, como o tipo de sapato que compram, a música que escutam, ou a comida que comem, são de alguma forma controladas por poucas e poderosas megacorporações. Foi assim que começamos: precisamos de uma mudança de regime suave na América e como podemos realizá-la.

O que aconteceu depois de criado o slogan “Occupy Wall Street”?
O melhor a fazer era não tentar algo em Washington, mas sim em Nova York, e convocar as pessoas para ocupar o ícone do capitalismo global em Wall Street. Foi uma ideia muito poderosa naquele momento, quando muita gente odiava Wall Street pelo que aconteceu em 2008. Uma vez decidido que queríamos ocupar Wall Street, criamos um pôster, com a hashtag #occupywallstreet e assim que lançamos o feed no twitter as coisas começaram a ficar loucas. Passamos a divulgar os briefings táticos, enviando mensagens para as 90 mil pessoas que integram nossa rede global de ativistas e, aleluia, a ideia ganhou vida própria e agora estamos montados em um tigre.


Mais, aqui.



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