Da Folha de São Paulo (16/01/2012)
Em ano eleitoral, são poucas as chances de Obama retomar polêmica promessa de fechamento da prisão em Cuba
No caso de uma vitória republicana no pleito, cenário é ainda menos animador: candidatos defendem manutenção
ISABEL FLECKDE SÃO PAULO
A prisão de Guantánamo, que teve o fechamento anunciado por Barack Obama nos seus primeiros dias de mandato, em 2009, fez dez anos nesta semana sem nenhuma ameaça de desativação.
Nas suas celas, ainda permanecem 171 prisioneiros, alguns dos quais estavam no primeiro grupo -com 14 suspeitos de terrorismo- a chegar à baía cubana, em 11 de janeiro de 2002. E não devem sair de lá tão cedo.
Isso porque o presidente dos EUA não deve comprar a briga para cumprir sua promessa de campanha, que não avançou em três anos de mandato. Analistas apostam que, em ano de disputa presidencial, ele não arriscará a reeleição insistindo em um tema que desperta reações tão inflamadas no eleitorado.
"Mesmo com a Casa Branca dizendo que Obama ainda está comprometido em fechar a prisão, está claro, pelas restrições no Congresso, que ela não será desativada em um futuro próximo", disse Matthew Waxman, membro do Council on Foreign Relations.
Para Jonathan Hansen, professor de Harvard e autor do livro "Guantanamo - An American History" (Guantánamo - uma história americana, 2011), a possibilidade de ação do governo é ainda menor porque, diz ele, a polêmica prisão nunca teve tanto apoio entre os americanos quanto agora.
"A população aceitou o argumento republicano de que é muito perigoso julgar suspeitos de terrorismo dentro dos EUA", disse àFolha.
Hansen lembra que, enquanto os republicanos eram duros em criticar as decisões do governo de suspender os tribunais militares de exceção e de desativar Guantánamo, os democratas não apoiaram Obama de forma suficiente.
"O último ato de um Congresso majoritariamente democrata foi aprovar uma lei [em dezembro de 2010] proibindo que presos de Guantánamo sejam julgados em solo americano", ressaltou.
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