Três pessoas são assassinadas, todo dia, na Região Metropolitana de Belém. No ano passado, houve 2.913 homicídios no Pará, dos quais 1.033 apenas na RMB. A média no estado é de oitos assassinatos por dia. Os movimentos sociais afirmam que há um ver-
dadeiro extermínio de jovens.
O governo estadual garanteque quase 500 vidas foram preservadas, em todo o Estado, em
2011, se comparado com o ano anterior. O mototaxista Alex Pereira Raiol, 30 anos, não teve a sorte de estar entre os que foram poupados. Ele economizava para comprar um carro e foiassassinado em janeiro deste ano, na Pedreira. Deixou esposa e duas filhas, de 8 e 10 anos. “Entrego nas mãos de Deus, que tarda mas não falha”, resigna-se a viúva, Sônia do Rosário Natividade Ferreira, 39 anos.
“Quero justiça”, apela a viúva, que foi casada com Alex por 11 anos. A Polícia investiga a hipótese de crime passional - Alex teria relação com uma mulher cujo ex-companheiro não aceitava a separação.
Muitas vezes, as famílias de pessoas executadas se mudam por causa do trauma e do me-
do. Os parentes do estudante Manoel Raimundo Marques de Jesus, 21 anos, assassina-
do, a tiros, no último dia 3, no conjunto Campos Elíseos, no Tapanã. A família acredita que o alvo era o irmão da vítima,envolvido em crimes. Manoel foi morto por engano. Na terça-feira passada, a reportagem voltou ao local do crime. Moradores contaram que a família se mudou após o homicídio, com receio de um novo ataque. Os vizinhos disseram não saber do paradeiro dos parentes de Manoel. O mesmo ocorreu com a mãe e o irmão de um adolescente de 17 anos, assassinado a tiros, em janeiro, no Guamá.
Neste caso, segundo apurou a reportagem, ele saiu de casa para fazer um roubo e arrecadar dinheiro para comemorar seus 18 anos, poucos dias depois, mas foi assassinado por dois homens, que imaginaram que ele iria roubar a motocicleta de um traficante - o jovem, no entanto, já havia assaltado uma pessoa e levado o celular.
“A violência não é democrática, nem homogênea, em que pese a classe média e a elite
serem vítimas ocasionais. Ao contrário do que se possa crer, a violência não atinge a todos de forma igual e indistinta”, diz o secretário-geral da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), Marcelo Costa. “São os mais pobres, das periferias urbanas, jovens, homens e negros que são desigual e desproporcionalmente os mais vitimizados pela violência, onde o emprego de arma de fogo é o mais utilizado”,
diz ele, para afirmar a tese de que está havendo um extermínio de adolescentes e jovens na Região Metropolitana de Belém e, também, no Estado. Marcelo Costa afirma que esses crimes acontecem “com a omissão do Estado, visto que outros Estados tomaram iniciativas e têm enfrentado com firmeza esses grupos, infringindo duras derrotas às suas ações criminosas, com diminuição dos índices de violência, a exemplo do Rio de Janeiro e de São Paulo que, ao final da última década, já ostentam a posição de Estados menos violentos do País”, diz ele.
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