domingo, 26 de fevereiro de 2012

Belém, 400 anos - Nas asas da Panair

Descarregamento de um hidrovião da Panair trazendo fardos de látex
Hidroavião da Panair do Brasil vindo de Manaus
A logomarca da Panair do Brasil SA


"A Santa Maria de Belém chegava-se pelo rio. De onde quer que se viesse chegava-se pelo rio. Mesmo quando a invenção de voar chegou por lá, no rio ainda é que águias e condores pousavam, no rio. O rio era um rio sem convulsões, dava baques fracos na amurada do cais, na Escadinha, no Galpão Mosqueiro-e-Soure, no Porto do Sal, na Estação Hidroviária da Panair. Os 'bacuraus' da Panair deslizavam na pele do rio. E quando de noite se ouvia o distante ronquinho, falavam: "É o 'bacurau' que vem chegando." Se havia luar, os de sono escasso seguiam o risco de luz sobre a Cidade Velha, sobre a Caixa d'Água, sobre a Port of Pará, antes de inclinar-se para descer. Ninguém se espantava imaginando que fosse cometa ou assombração. "É a Pana-ir!" De começo era Pana-ir, poucos diziam Panair".

Rio de Raivas, do escritor paraense Haroldo Maranhão (1927-2004), editado pela Livraria Francisco Alves Editora, RJ, 1987.


Fotos: Revista Life, 1943 (Blog do Haroldo Baleixe)

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