quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Belém, 396 anos - Pelos caminhos da poesia


Leon Righini, 1868: Belém, princesa das águas, sob a luz do sol

Teatro da Paz

Na tua Paz de cem anos,
velho teatro, eu me deito
e todos os desenganos
vão-se embora do meu peito.

Praça do Relógio

Velho relógio, quem há-de
medir com exatidão
os momentos que a saudade
morou no meu coração...

Ver-o-Peso

Se alguém quiser ver o peso
do amor que sinto por ti,
basta falar com desprezo
do encanto que existe aqui.

Sobrados

Cidade Velha... Sobrados...
Restos de sonhos que são
retratos amarelados
nas paredes da ilusão.

Trilhos de Bonde

Dos bondes restaram trilhos
nos quais, em dias risonhos,
para divertir meus filhos,
faço trafegar meus sonhos...

Forte do Castello

Muralhas, quantos segredos
guardais em vossas memórias...
História de mil degredos,
mil revezes e vitórias...

Igarapé das Armas

Hoje, o antigo Igarapé
das Armas não corre mais...
Seu nome foi na maré
vazante dos carnavais...

Cais do Porto

Fim de tarde...O sol de põe.
Na amurada, um trovador,
à luz do ocaso compõe
trovas de paz e de amor.

Calçadas de Lioz

Firme em sua trajetória,
o Tempo avança, veloz,
deixando os rastros da História
nas calçadas de lioz.

Sinos da Sé

Morre o sol... A noite desce
e os velhos sinos da Sé
convidam todos à prece
à Virgem de Nazaré.

Círio

Milhares de mãos na Corda
tecem estranho rosário
de dor e fé que recorda
Jesus subindo ao Calvário!...

Cemitério da Soledade

Vitória alada de pedra
sobre o tempo...Soledade!
Fonte de luz de onde medra
recordações e saudade.

Bar do Parque

Bar do Parque. Madrugada.
Entre risos e ais tristonhos,
numa cerveja gelada
afogo a nau dos meus sonhos.

Mangueira

Enquanto o vento balança
tua rama, satisfeito
sinto o verde da esperança
desabrochar no meu peito.

Palácio dos Bares

Condor. Palácio dos Bares:
meu coração entra em cena
trocando seus mil pesares
pelo amor de uma morena.

Mercedários

Mãos que debulham rosários
nas cinzas frias da História...
Convento dos Mercedários
em pleno ocaso da glória.

Cidade Velha

Canto-te minha Cidade
Velha em meus versos magoados
como quem canta a saudade
dos seus amores passados!

Largo do Carmo

Em noites claras de lua,
Largo do Carmo, componho
trovas de paz sobre a tua
pauta de amor e de sonho!



Antonio Juraci Siqueira

BELÉM REVISITADA
(Trovas publicadas no livro Piracema de Sonhos,
Prêmio Literário de Temática Regional, Secdet, Belém, 1985).

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