segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pensamento Crítico - Gilberto Maringoni - Alternativas para a casa em chamas

Multidões em movimento: o povo busca alternativas. Já a plutocracia...


A semana que passou estabeleceu um marco nos protestos contra a crise. Manifestantes tomaram ruas e praças – em intensidades variáveis – em 951 cidades de 82 países. Os maiores atos ocorreram na Europa, em Bruxelas, Madri, Barcelona, Roma e Londres.

A acusação mais repetida contra os protestos é que seus integrantes não têm bandeiras ou demandas claras. Em parte é verdade. Mas qual o problema real?

Tais acusações partem invariavelmente de comentaristas conservadores e partidários do status quo, que naufraga a olhos vistos. Os responsáveis pela situação não têm satisfações a dar às maiorias desesperadas, a não ser exigir mais arrocho. Estamos na seguinte situação: aqueles que não conseguem apresentar respostas acusam os oponentes de não saberem quais as perguntas a serem feitas.

Vinte anos depois da proclamação do fim da História e do advento de uma intensa campanha contra tudo o que tivesse ligação com mudança e transformação social, a Europa chega ao precipício.

O problema não é exatamente falta de rumos, é que os setores que se manifestam apresentam características novas.

Setores organizados
Em um século e meio de história, a esquerda, munida de teoria e vontade, aprendeu a atuar com setores organizados da sociedade. A construção de partidos, sindicatos, frentes, ligas, associações e outros organismos disciplinaram a luta de classes.

Os embates deixaram de ser espontâneos e passaram a contar com formulações, com tática e estratégia, que otimizaram forças e agregaram ciência à mobilização social. Construíram-se teorias, que deram previsibilidade a enfrentamentos. Diante da estruturação dos setores dominantes – que contavam com Estado, capital e violência organizada – se contrapunha a disciplina de partidos e entidades de massa. Mesmo situações de derrota passaram a ter sua pedagogia positiva, com lições a potencializar novos enfrentamentos.

Apesar dos mecanicismos que muitas vezes advinham de tais concepções, a esquerda aprendeu a fazer política com projeto tático e estratégico e movimentos planejados.

Mesmo as mobilizações de 1968 – que evidenciaram a existência de bandeiras transversais e matizadas na luta de classes, como direitos das mulheres, dos negros, das minorias sexuais etc. – tinham como caminho de acumulação de forças a organização social e a formação de blocos e alianças.

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