quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sangue no campo - Liderança de ocupação é assassinada em Marabá

Do site da CPT:

É a sexta vítima no Estado do Pará desde maio desse ano. Valdemar Oliveira Barbosa foi assassinado a tiros por volta das 10 horas da manhã de hoje.

Hoje, por volta das 10hs da manhã, dois pistoleiros que trafegavam em uma moto de cor preta, com capacetes, assassinaram a tiros VALDEMAR OLIVEIRA BARBOSA, conhecido como PIAUÍ. Valdemar trafegava de bicicleta pelo bairro de São Félix, em Marabá, quando foi assassinado. Ele era casado e, atualmente, estava residindo na Folha 06, no bairro Nova Marabá.

Valdemar era sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá, coordenou por vários anos um grupo de famílias que ocupava a fazenda Estrela da Manhã, no município de Marabá. Como a fazenda não foi desapropriada, ele voltou a morar em Marabá, onde ajudou a organizar uma ocupação urbana na Folha 06, bairro Nova Marabá, onde estava residindo.

Valdemar não desistiu de lutar por um pedaço de terra. Há mais de um ano passou a coordenar um grupo de famílias que ocupavam a Fazenda Califórnia no Município de Jacundá. No final do ano passado as famílias foram despejadas da fazenda pela polícia militar do Pará. Piauí não perdeu o contato com as famílias e ameaçava voltar a ocupar novamente a Fazenda.

De acordo com informações obtidas pela CPT, a Fazenda Califórnia está localizada a 15 km de Jacundá e, além de pecuária é envolvida com a atividade de carvoaria. Pistoleiros teriam sido contratados pelo fazendeiro para impedir uma nova ocupação do imóvel. O assassinato de Piauí pode ter ligação com a tentativa de reocupação da fazenda.

Até o momento a polícia não deu qualquer informação sobre a autoria do crime. Após o assassinato dos extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, esse é o quarto trabalhador assassinado, somente no Pará, do mês de maio até agora com fortes indícios de que os crimes tenham sido por motivação agrária, ou seja, disputa pela terra. Após três meses, apenas os assassinatos dos extrativistas de Nova Ipixuna foi parcialmente investigado. Dos 6 homicídios ocorridos no estado nesse período, ninguém foi preso até o momento. O comportamento da polícia civil do Pará tem sido de investigar as vítimas e não os responsáveis pelas mortes, quando se trata de crimes no campo.


O Portal ORM acrescenta as seguintes informações:

Mais uma morte no campo, dessa vez, a vítima foi o agricultor e líder de um acampamento, Valdemar Barbosa de Oliveira, de 54 anos, conhecido por 'Piauí'. Ele foi morto a tiros, na manhã desta quinta-feira (25), na Avenida Belém-Brasília, bairro São Félix, periferia de Marabá, sudeste do Estado.

Segundo informações da Polícia Civil, Piauí foi abordado por dois homens em uma moto quando chegava de bicicleta em um balneário conhecido por 'Geladinho'. Usando capacetes, os criminosos mandaram a vítima descer da bicicleta e atiraram à altura do rosto e do pescoço da vítima.

A principal suspeita é de que o crime tenha sido motivado pela ocupação da área do complexo da fazenda Califórnia, situada na zona rural de Jacundá, cidade próxima à Marabá. 'Piauí' era líder do acampamento de trabalhadores rurais denominado 'Califórnia', mesmo nome da fazenda em que estão assentados, de propriedade de Vicente Correa, contra quem a vítima já havia registrado denúncia de ameaça à DECA, em maio deste ano.

Ainda de acordo com a assessoria da Polícia Civil, um inquérito já foi aberto para apurar o caso, e será presidido pela Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá (DECA).

Um comentário:

  1. UM SONORO NÃO

    À BELO MONTE


    Antes de mais nada, esses versos
    São pra dizer à Consciência Nacional
    Que o verdadeiro Ordem e Progresso
    Se principía no respeito ambiental

    Dizer "não" à projetos impactantes
    Que agridem os Filhos dessa Nação
    É ser contra iniciativas degradantes
    Que só trazem vantagens pra patrão

    Belo Monte, projeto sujo faraônico
    Irá produzir gás metano também letal
    Ene vezes mais nocivo que o carbônico
    Piorando mais o aquecimento global

    E diante desse projeto degradativo
    Povos da nossa amazônica região
    Apresentam infinidades de motivos
    Pra dizerem claramente sonoro "não"

    Além dos desassossegos terríveis
    Provocados por essa mega construção
    Ela trará Impactos Irreversíveis
    Nos rios, na fauna, na vegetação

    Belo Monte um projeto tão perverso
    Que agredindo os Movimentos Sociais
    Já enfrenta toneladas de processos
    Inclusive em Cortes Internacionais

    Em torno do rio Xingu têm etnias
    Gente linda, guerreira, de bem
    Que vive sem aquela maldita mania
    De tá cobiçando algo de alguém

    Gente amiga dos rios, das matas
    Ao contrário de uma raça chacal
    Reacionária, nojenta, tecnocrata
    Sanguessugas no Planalto Central

    A gente do Xingu que hoje clama
    Contra esse monte de complicação
    Jamais se envolveu em mar de lama
    do IBAMA, de cuecas, de mensalão

    O próprio Xingu irmão dos ventos
    Vive hoje cheio de preocupação
    Vendo peixes, principal alimento
    Com risco de diminuiçao, extinção

    O Xingu das Comunidades Primitivas
    Vê o governo negando a participação
    De Lideranças Indíginas nas OITIVAS
    "a obrigatória mesa de negociação"

    Negando a participação de lideranças
    A respeito da faraônica construção
    Governo comete outra grande lambança
    Contra os históricos donos desse chão

    E a Estrela Vermelha que no passado
    Foi tão defensora da causa ambiental
    Hoje em caravana caminha lado a lado
    Com empreiteiras companheiras do capital

    Caminhando lado a lado com empreiteiras
    Cujo compromisso é poluir, devastar
    Tal Estrela comete as mesmas sujeiras
    Políticas do período de regime militar

    Ah, Vermelha, ex Estrela libertária
    A poesia hoje tristemente te vê
    Caminhando com gentalha reacionária
    É uma pena que o poder cegou você

    Os verdadeiros amigos do rio, da mata
    Sabem que o belo monte de enganação
    Longe de gerar energia limpa e barata
    Irá levar super tarifa pra população

    Aqui temos os maiores especialistas
    Gente que entende de Constituição
    E temos os nativos ambientalistas
    Que sabem tudo sobre essa região

    Gente que quer viver tranquilamente
    No direito divino do USOCAPIÃO
    E que é conhecedora perfeitamente
    Dos riscos de catastrófica inundação

    Que deixem o rio Xingu e suas matas
    Lá no lugar devido, recanto da paz
    E façam usinas onde o raio parta
    Os gabinetes burocratas ministeriais

    Que o IBAMA fiscalize as muitas tramas
    em torno de si e dessa suja construção
    e busque interferir nos rios de lamas
    nas beiradas da negociata, corrupção


    Jetro Fagundes
    Farinheiro Marajoara

    ResponderExcluir