quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Direito à memória - Um paraense nos porões da ditadura


Do Diário do Pará

No dia 06 de junho de 1980, o torneiro mecânico José Nonato Mendes recebeu do Poder Judiciário, Justiça Militar Federal, uma folha de papel que, em 17 linhas, o anistiava de atos e fatos ocorridos principalmente entre o finalzinho dos anos 50 e meados da década de 70, quando esse paraense, nascido em Belém, ingressou no Partido Comunista, entrou em organizações esquerdistas radicais como VPR e ALN, recebeu treinamento de guerrilha em Cuba e passou três anos preso como prisioneiro político no presídio Tiradentes, em São Paulo. Aos 83 anos, com um pedaço da vida registrado em livro e vivendo de uma aposentadoria de um salário mínimo, o ex-militante tenta obter uma indenização pelas torturas recebidas e ser reconhecido, cada vez mais, como integrante protagonista da história recente do Brasil.
É no bairro da Cidade Nova, em Ananindeua, que Nonato passa os dias, querendo que a intenção inicial da presidente Dilma Rousseff de fazer com que a memória e a verdade desse passado da ditadura militar venha realmente à tona. “Seria importante para o País”, diz ele, observado de perto pela filha e pela mulher. “Essa história precisa ser contada de forma completa”, acredita.
Nonato começou a ter contato com a ideologia comunista cedo, ao sair de Belém, acompanhando um irmão a Monte Alegre. Lá, conheceu um homem chamado Barradas. Época de Getúlio Vargas e mudanças na política brasileira. Barradas o aproximou dos ideais igualitários que o Partido Comunista difundia à época. Período em que a Coluna Prestes era vista como ideal a ser seguido.
Mas foi só em São Paulo, em 1952, que Nonato Mendes, já trabalhando como torneiro mecânico, realmente foi seduzido pelo ideário comunista. Lá, conheceu um ‘companheiro comunista’ que o levou à Lapa, onde havia uma sede do PCB. “Conheci o Carlos Marighella no início dos anos 60. Marighella foi um político e guerrilheiro brasileiro, um dos principais organizadores da luta armada contra o regime militar a partir de 1964. “Era um líder. Uma força muito grande”, lembra Mendes. Marighella foi do PCB, de onde saiu para criar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e depois partir para a Ação Libertadora Nacional (ALN), ambas organizações de extrema esquerda que pregavam a luta armada para derrubar a ditadura militar.

Para ler mais, clique sobre a imagem da edição do Diário do Pará (21/08/11).

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