terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pensamento Crítico/Paulo Passarinho - Capitalismo: ladeira abaixo?

No momento em que escrevo, as bolsas de valores pelo mundo afora voltam a apresentar fortes quedas nas cotações dos preços das ações negociadas. A bolsa de Nova York, pelo índice Dow Jones, cai 3,5% e o Ibovespa, da bolsa de S.Paulo, recua mais de 4%, acompanhando as fortes quedas nas bolsas européias – Londres, mais de 4%; Paris, mais de 5%; e Frankfurt, mais de 6%.

Bolsas de valores vivem da aposta especulativa e fortes oscilações podem muitas vezes fazer parte do roteiro desse universo. O que chama atenção, contudo, é que essas fortes quedas se inserem em um processo de graves dificuldades que vêm se acumulando, na dinâmica das economias mais desenvolvidas do mundo.

Nos Estados Unidos, o temor é a possibilidade de um novo mergulho recessivo da sua economia. Apesar das medidas anticíclicas assumidas pelo governo Obama, a economia do país não apresenta indicadores de recuperação do emprego, da renda e dos investimentos de modo a recuperar a confiança dos investidores, e da própria massa de assalariados, em dias melhores.

Na Europa, a crise do endividamento dos Estados nacionais mais frágeis da União Européia, provocada principalmente pelas operações de socorro, realizadas em 2007 e 2008, para o salvamento dos bancos privados, produziu elevação das dívidas consolidadas dos países e forte ampliação dos déficits fiscais de cada um deles. O remédio que vem sendo adotado, contudo, poderá agravar ainda mais a crise em curso. No afã de se garantir os interesses dos bancos privados, os ditos programas de socorro aos países em maiores dificuldades – Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – exigem cortes de gastos públicos e privatizações. Redução nos programas de novos investimentos desses países e arrocho de salários e vencimentos, além de redução das despesas que garantem direitos sociais, produzirá forte retração da atividade econômica dos países, com novas dificuldades de natureza fiscal, a partir da inevitável queda na arrecadação de impostos e tributos.

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