Premiê Papandreou, porém, ignora pressão contra consulta popular e diz que pode antecipá-la para 4 ou 5 de dezembro
Em entrevista após reunião, Sarkozy diz que pergunta deve ser sobre os gregos ficarem ou não na zona do euro
Premiê grego, George Papandreou, chega a Cannes para a reunião do G20, onde foi pressionado a desistir do plebiscito
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
O premiê grego, George Papandreou, anunciou ontem a seus parceiros europeus que poderá antecipar para o dia 4 ou 5 de dezembro o plebiscito que estava previsto inicialmente para janeiro.
Foi após ouvir a informação de que nem a União Europeia nem o Fundo Monetário Internacional liberarão os € 8 bilhões finais do primeiro pacote de socorro enquanto a Grécia não se comprometer a aceitar o conjunto de medidas decididas na cúpula europeia do dia 27 passado.
Sem esses recursos, a Grécia não poderá pagar suas contas, inclusive a dívida -o que levará o país ao colapso.
As duas informações foram divulgadas em entrevista coletiva do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler alemã, Angela Merkel, já no fim da noite em Cannes, após dura reunião entre eles, Papandreou (pronuncia-se "papandrêu"), a chefe do FMI, Christine Lagarde, e integrantes da cúpula da UE.
Para Sarkozy, o plebiscito deve dizer "se a Grécia quer ou não permanecer na eurozona" (os 17 países que adotam o euro). Ou seja, parece não haver a hipótese de que a pergunta seja sobre aceitar ou rejeitar o pacote de 27 de outubro, que prevê, entre outros pontos, novo programa de ajuda à Grécia, corte de 50% na dívida do país e mais medidas de austeridade.
"Nossos amigos gregos têm de decidir se querem continuar a jornada conosco", disse Sarkozy. Merkel, por sua vez, afirmou que é preferível estabilizar o euro com a Grécia a fazer isso sem ela -mas a prioridade é a moeda.
Para o presidente francês, a convocação do plebiscito tem "toda a legitimidade", mas "a Europa não pode ficar na incerteza e quer uma resposta o mais cedo possível".
É justamente para obter a resposta o mais cedo possível que França e Alemanha informaram Papandreou de que não será liberado o dinheiro, que é a linha da vida para a economia grega. Como dezembro é o prazo para que a Grécia fique sem recursos para operar até o pagamento de salários dos servidores, o premiê se viu forçado a prometer antecipar o plebiscito.
Há duas versões circulando sobre a pergunta do plebiscito: uma diz que ele terá que decidir, tal como sugerido por Sarkozy, entre ficar ou não no euro. A outra é a de que a pergunta seria sobre a aceitação do pacote, hipótese que parece ter sido vetada durante a reunião de ontem.
A diferença é importante: pesquisa recente mostra que 60% dos gregos rejeitam o pacote de ajuda amarrado a um duro ajuste, mas 72% querem que o país fique no euro.
Se a pergunta for essa e os eleitores confirmarem a disposição na urna, Papandreou ganha o plebiscito e a legitimidade de que hoje carece para implementar as duras medidas de ajuste, que têm causado retração, alta do desemprego e até dos suicídios.
O imbróglio grego eclipsou quase totalmente a cúpula do G20 propriamente dito. Os parceiros da Europa queriam certificar-se de que o plano da cúpula da semana passada era de fato suficiente para conter o eventual contágio do "default" parcial da Grécia.
Agora que o plano está suspenso no ar, à espera do plebiscito grego, criou-se o que um negociador técnico chamou modestamente de "obstáculo importante" para a redação do comunicado final, a ser emitido amanhã.
Para o jornal grego "Eleftherotypia", é bem mais do que isso: Papandreou foi definido como "Lorde do Caos". Os líderes europeus mostraram ontem estar de acordo.
Com agências de notícias
Em entrevista após reunião, Sarkozy diz que pergunta deve ser sobre os gregos ficarem ou não na zona do euro
Michel Euler/Associated Press |
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
O premiê grego, George Papandreou, anunciou ontem a seus parceiros europeus que poderá antecipar para o dia 4 ou 5 de dezembro o plebiscito que estava previsto inicialmente para janeiro.
Foi após ouvir a informação de que nem a União Europeia nem o Fundo Monetário Internacional liberarão os € 8 bilhões finais do primeiro pacote de socorro enquanto a Grécia não se comprometer a aceitar o conjunto de medidas decididas na cúpula europeia do dia 27 passado.
Sem esses recursos, a Grécia não poderá pagar suas contas, inclusive a dívida -o que levará o país ao colapso.
As duas informações foram divulgadas em entrevista coletiva do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler alemã, Angela Merkel, já no fim da noite em Cannes, após dura reunião entre eles, Papandreou (pronuncia-se "papandrêu"), a chefe do FMI, Christine Lagarde, e integrantes da cúpula da UE.
Para Sarkozy, o plebiscito deve dizer "se a Grécia quer ou não permanecer na eurozona" (os 17 países que adotam o euro). Ou seja, parece não haver a hipótese de que a pergunta seja sobre aceitar ou rejeitar o pacote de 27 de outubro, que prevê, entre outros pontos, novo programa de ajuda à Grécia, corte de 50% na dívida do país e mais medidas de austeridade.
"Nossos amigos gregos têm de decidir se querem continuar a jornada conosco", disse Sarkozy. Merkel, por sua vez, afirmou que é preferível estabilizar o euro com a Grécia a fazer isso sem ela -mas a prioridade é a moeda.
Para o presidente francês, a convocação do plebiscito tem "toda a legitimidade", mas "a Europa não pode ficar na incerteza e quer uma resposta o mais cedo possível".
É justamente para obter a resposta o mais cedo possível que França e Alemanha informaram Papandreou de que não será liberado o dinheiro, que é a linha da vida para a economia grega. Como dezembro é o prazo para que a Grécia fique sem recursos para operar até o pagamento de salários dos servidores, o premiê se viu forçado a prometer antecipar o plebiscito.
Há duas versões circulando sobre a pergunta do plebiscito: uma diz que ele terá que decidir, tal como sugerido por Sarkozy, entre ficar ou não no euro. A outra é a de que a pergunta seria sobre a aceitação do pacote, hipótese que parece ter sido vetada durante a reunião de ontem.
A diferença é importante: pesquisa recente mostra que 60% dos gregos rejeitam o pacote de ajuda amarrado a um duro ajuste, mas 72% querem que o país fique no euro.
Se a pergunta for essa e os eleitores confirmarem a disposição na urna, Papandreou ganha o plebiscito e a legitimidade de que hoje carece para implementar as duras medidas de ajuste, que têm causado retração, alta do desemprego e até dos suicídios.
O imbróglio grego eclipsou quase totalmente a cúpula do G20 propriamente dito. Os parceiros da Europa queriam certificar-se de que o plano da cúpula da semana passada era de fato suficiente para conter o eventual contágio do "default" parcial da Grécia.
Agora que o plano está suspenso no ar, à espera do plebiscito grego, criou-se o que um negociador técnico chamou modestamente de "obstáculo importante" para a redação do comunicado final, a ser emitido amanhã.
Para o jornal grego "Eleftherotypia", é bem mais do que isso: Papandreou foi definido como "Lorde do Caos". Os líderes europeus mostraram ontem estar de acordo.
Com agências de notícias
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