Censo de 2010 localizou 6.329 áreas irregulares e precárias em 323 cidades; juntas, elas equivalem à população da Grécia
Dez anos atrás, IBGE havia contado cerca de 6,5 milhões de pessoas morando em favelas no país
ANTONIO GOISDENISE MENCHEN
DO RIO
Dados do Censo 2010 revelam que 11,4 milhões de brasileiros, o equivalente à população da Grécia, vivem em áreas ocupadas irregularmente e com carência de serviços públicos ou urbanização, como favelas, palafitas, grotas e vilas. São 6% dos habitantes do país.
É o retrato mais preciso já feito dessas áreas, e mostra que o problema é concentrado nas regiões metropolitanas, mas espalhado por todos os Estados. Dez favelas têm população maior que 40 mil pessoas, superior a 86% dos municípios brasileiros.
Em 2000, o IBGE identificou 6,5 milhões de pessoas, ou 4% do total, em "aglomerados subnormais", denominação usada pelo instituto.
METODOLOGIA
Não é possível saber quanto do aumento na década se deve à expansão das áreas irregulares e quanto se deve ao aprimoramento da metodologia de pesquisa, como o uso de imagens de satélite.
Em 2010, foram localizadas 6.329 favelas em 323 municípios. Ficam de fora do levantamento áreas precárias, mas regularizadas, ou irregulares, mas sem precariedade.
QUADRO GRAVE
A pesquisa revelou também que o quadro mais grave de moradia está na região metropolitana de Belém (PA), onde 54% da população vive em favelas e similares.
No caso de serviços básicos, o que mais diferencia as favelas das áreas de ocupação regular das cidades é a proporção de casas com coleta adequada de esgoto.
"O fato de existir um alto percentual de pessoas vivendo nessas áreas decorre do Estado brasileiro ter se omitido por décadas em relação a políticas habitacionais, concomitante a um dos processos de urbanização mais intensos da história da humanidade", diz Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE.
Para a relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, novos assentamentos precários irão surgir no país nos próximos anos. Ela aponta como motivos a elevação dos preços dos terrenos e as remoções mal conduzidas para a realização de obras, como as da Copa de 2014.
"A máquina de produção de favelas está em operação", diz a urbanista.
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