Guerrilheiro é homenageado no dia em que faria 100 anos; líder da ALN, ele foi morto por agentes do Dops em 1969
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Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, discursa em evento em homenagem ao guerrilheiro |
DE SALVADOR
A viúva de Carlos Marighella, Clara Charf, 86, disse ontem que a concessão da anistia política restabelece a verdade sobre o guerrilheiro, morto em novembro de 1969.
"Durante muitos anos, eles mentiram, acusaram e jogaram o nome das pessoas na lama para tirar a resistência do povo brasileiro", discursou, em ato em Salvador.
Ontem, no dia em que Marighella faria 100 anos, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça reconheceu que ele foi perseguido pelo Estado desde os anos 30, na ditadura de Getúlio Vargas.
Após ser libertado, em 1945, Marighella foi eleito deputado federal constituinte. Teve o mandato cassado em 1947, quando o Partido Comunista foi declarado ilegal, e passou à clandestinidade.
O período final de perseguições, apontou o relatório da comissão, foi entre o golpe militar de 1964 e o seu assassinato por agentes do Dops (Departamento de Operações Políticas e Sociais), numa emboscada em São Paulo.
Marighella era um dos líderes da ALN (Ação Libertadora Nacional), uma das organizações que sequestraram o embaixador americano Charles Burke Elbrick em 1969 para trocá-lo pela libertação de 15 presos políticos.
"Quando meu pai foi assassinado, alegaram que ele havia matado policiais no confronto. Foi uma grande mentira, meu pai foi covardemente assassinado", disse Carlos Augusto Marighella, 61.
Antes da anistia política, o Estado já havia reconhecido, em 1996, que fora responsável pela morte de Marighella. No processo, a família não pediu reparação financeira.
Em 2008, Clara Charf, que também foi presa e se exilou em Cuba, passou a receber mensalmente R$ 2.520 e o valor mensal retroativo aos cinco anos anteriores.
"O Estado brasileiro pede desculpas a um brasileiro que lutou pela liberdade e pelo retorno da normalidade democrática", disse o governador Jaques Wagner (PT).
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