Manifestantes reclamaram dos impactos ambientais provocados pela obra (Foto: Rogério Uchôa)
“Daqui a pouco não teremos como respirar se não for dentro de uma bolha”. Essas são palavras da comerciante Regina Silva, uma das integrantes do grupo que fechou ontem pela manhã, durante uma hora, a ponte que dá acesso ao distrito de Outeiro.
Cerca de 30 pessoas acorrentadas e com cartazes protestavam contra a construção do condomínio residencial Alphaville. Elas cobravam o embargo da obra e a realização de um estudo de avaliação de impacto ambiental. Até uma bolha plástica com uma pessoa dentro foi utilizada para chamar a atenção.
O empreendimento, que tem um terreno de quase 5 mil de metros quadrados e está sendo erguido às margens do rio Maguari, na área de floresta da Bahia de Santo Antônio, está devastando quase todo o local arborizado. De acordo com o coordenador da Rede Voluntária da Educação Ambiental, movimento ambientalista que defende a manutenção das áreas verdes de Belém, Evandro Ladislau, não foi realizado nenhum estudo de impacto.
Ele ainda comenta que, para agravar a situação, a outra margem está sendo invadida para a construção de casas. “Essas áreas são de proteção dos rios e dos igarapés. Daqui a pouco a arborização vai ser insuficiente”, disse. Os moradores reclamam do aumento da sensação de calor proveniente das modificações na paisagem do local.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Pará (OAB-PA), José Carlos Lima, que também participava do ato, disse que a manifestação era legítima e que as denúncias de que a obra não está licenciada serão apuradas.
“Queremos manter a integridade dos recursos naturais da ilha e para isso é necessário que haja um planejamento”. Ele diz que será criada uma fundação de pesquisa e planejamento urbano para avaliar os impactos ambientais na área. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) afirmou ter liberado apenas a licença prévia que possibilita a construção da fundação e aprova o projeto. Quanto à liberação para o retirada da cobertura vegetal, esta é de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente Estadual (Sema), com a qual a reportagem não conseguiu contato.
TRANSTORNOS
Mesmo que os manifestantes liberassem a passagem dos carros a cada 20 minutos, o ato causou um longo engarrafamento de ambos os lados da pista.
O engarrafamento acabou alterando os ânimos de alguns motoristas. Foi necessária a presença da Polícia Militar para evitar tumultos.
Fonte: Diário do Pará - 29/07/2011
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