Na edição do jornal O Globo de 06/05, Ancelmo Gois publicou uma nota com o título “Ensaboa, Mulata”. Diz a matéria que em 1872, mais de 24% das escravas faziam trabalho doméstico. E que em 2010, cerca de 23% das mulheres negras ainda trabalham em serviços domésticos. São dados do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, do Instituto de Economia da UFRJ.
Marcio Pochmann, presidente do Ipea, já disse que uma das formas de medir o nível de desigualdade de uma sociedade é a proporção de trabalho doméstico empregado. Quanto mais gente lavando carros, empurrando carrinhos de bebê, abrindo portões, cozinhando e passando, menor a distribuição de renda. Uma espécie de reciclagem da escravidão, já que os encarregados de tais funções são quase sempre negros.
Na capa da mesma edição de O Globo há uma foto que remete a uma matéria sobre cabeleireiros de luxo. Lugares em que o corte de cabelo pode chegar a R$ 250,00. A imagem mostra um salão de beleza da zona sul do Rio. Meia dúzia de mulheres atende a apenas uma cliente branca. Todas negras.
Sérgio Domingues
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