quinta-feira, 29 de abril de 2010

Diálogo sobre o voto (I)

De Edmilson, em resposta a mensagem recebida pelo Blog.
Caríssimo amigo,
Estou tão atribulado com a redação da minha tese que não tenho lido coisas mais soltas como o belo artigo do Frei Beto.
Agradeço pelo envio.
Tenho concordância quase total com o artigo. Uma das ponderações tem a ver com o Programa Fome Zero. Não sei dizer se, do modo como foi planejado, esse programa não seria, também, classificável como mera política compensatória ao invés de emancipatória. É compreensivo, contudo, que o Frei Beto, que esteve a frente desse programa, enquanto assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenha razões para defendê-lo. E ele é digno o suficiente para merecer nosso crédito.
Quanto ao ponto que pretende ver mantida a política externa, tenho concordância com a diversificação dos laços comerciais. Não dá, contudo, para deixar de criticar o papel vergonhoso do nosso país como força de ocupação do Haiti, após um golpe de Estado e o sequestro do presidente eleito Aristide até hoje obrigado a viver no exílio, sob orquestração e realização de EUA, Canadá e França. Representamos hoje no Haiti o que os EUA representam no Iraque: um golpe à soberania territorial desses povos.
Há um outro ponto melindroso não referido pelo Frei Beto, talvez porque seja um fato recente. Refiro-me ao tratado militar recentemente assinado entre Brasil e EUA, à revelia do Congresso Nacional, como exige a CF de 1988. Além da gravidade do ato em si, há dispositivos aviltantes da soberania territorial brasileira. Um dos artigo, por exemplo, diz que programas iniciados não podem ser interrompidos, mesmo que o Brasil, por vontade soberana, queira denunciar o acordo. Significa dizer que a instalação de uma base militar, ou o controle de informações estratégicas, por exemplo, deverão continuar até que os EUA queiram interrompê-las. Não bastasse isso, o território brasileiro deverá servir para operações conjuntas das forças armadas norteamericanas e brasileiras. A Amazônia, em nome do combate ao narcotráfico, será lugar de treinamento militar dos gringos imperialistas.

Em anexo, envio um artigo do brilhante jornalista Mauro Santayana (Um tratado indesejável) e cópias do acordo em portuguê e inglês, que podem ser buscadas no sítio do Ministério da Defesa do Brasil e no do Departamento de Defesa dos EUA.

Um forte e carinhoso abraço.

Edmilson Rodrigues

Um comentário:

  1. BRILHANTE POSIÇÃO DO CANDITATO, DEMONSTRANDO MAIS UMA VEZ SEU EXCELENTE PREPARO.

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