Com mais de sete milhões de quilômetros quadrados de cobertura, a floresta tropical localizada ao norte da América do Sul, abrange mais de cinqüenta por centro do território brasileiro, a Hiléia Amazônica, outrora inferno verde, sempre foi palco de muita cobiça do homem e pelo homem.
Nos séculos XVII e XVIII, foram as chamadas Drogas do Sertão a mola propulsora responsável pela ocupação da região mais setentrional do Brasil. Foi esse momento também, o grande responsável pela ocupação da calha do rio Amazonas e seus principais afluentes, é a ocupação portuguesa na beira do rio, com as famosas e muita vezes famigeradas missões religiosas e a geopolítica da forteficação que garantiria a posse do território a união ibérica inspirado na política do uti possidetes.
Nesse momento o massacre, porque não dizer o etnogenocídio dos povos indígenas irá ocorrer de forma assustadora e deplorável, não que nunca mais tenha ocorrido tal matança na história macabra e muitas vezes não contada do Brasil, porém, esse é o divortium aquarium para os povos ameríndios brasileiros, entre a sobrevivência e o extermínio sócio-cultural de um cem números de povos.
Por volta dos séculos XIX e XX mais uma vez os olhas da ganância e da cobiça do imperialismo mundial volta-se para região em busca agora, do ouro branco, era a vez da hervea brasiliense dar sua contribuição para o enriquecimento amoral e ilícito das oligarquias amazônidas que por aqui habitavam, pois apesar das ostentações faraônicas da arquitetura barroca, neoclássica e rococó que implementaram, nas capitais de Belém e Manaus, em nenhum momento os tapuinhos puderam gozar, talvez até no sentido literal da palavra, de uma cena se quer dos grandes espetáculos e da vida moderna que por aqui aportava.
No entanto somente a partir da década de 1950, a Amazônia brasileira irá ser vítima voraz do capital transnacional e hologopolizado, especialmente da indústria automobilística, de uma forma tão cruel e sanguinária. A abertura de grandes rodovias como a Belém-Brasília fincam no coração da floresta a lança e a bandeira do aqui tudo pode. Os grandes projetos agropastoris e minerais tomam conta e somam-se aos vorazes expropriadores latifundiários, oligarcas que herdam da belle epoque um aleijamento cultural do mix que se formava a população cabocla Amazônica.
Com a chegada das décadas de 1970 e 1980, em especial, devido à implantação do Programa Grande Carajás – PGC se concretiza e consolida-se a entrega das riquezas nacionais que se encontravam nas entranhas da floresta. Com a política do integrar para não entregar, idealizada pelo regime militar chegam aos milhares, nordestinos em busca de uma nova vida e enganadas pelos seus governantes, soma-se a eles, sulista no sul do Pará e alguns outros pontos. É o caldeirão cultural que se transforma a Amazônia, em especial o estado do Pará.
O Oeste e o sul do Pará, que lutam hoje pela criação de unidades políticas independentes representam de forma impar a perda de identidade do povo paraense. É preciso que nesta eleição possamos escolher representantes de fato comprometidos com a verdade, a ética e o sentido de SER amazônida, não apenas pelo lugar onde nascemos, mas, pelo lugar onde escolhemos para viver e construirmos nossa história e de nossa herança genética.
Para refletir: “(...) coberta por 40mil espécies de plantas - sendo 30 mil delas endêmicas, ou seja, que só existem ali - e onde se encontra ¹/3 (um terço) de toda a água doce do planeta. (...) tal região concentra a maior biodiversidade do mundo e riquezas minerais em seu solo.” - Revista super interessante:edição 185. fevereiro de 2003.
Professor Enilson da Silva SousaGeógrafo - Mestre em Geociências,
Doutorando Ciências Ambientais - UFG / Goiânia-Go
Professor Efetivo da UFOPA - Programa de Geografia
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