quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O rio Xingu, uma das pérolas do planeta, com Belo Monte, está perdido. Entrevista especial com Oswaldo Sevá


Uma semana em Altamira-PA nessa época do ano pode render dois pontos de vista. Como é o período de seca, que o povo chama de verão, as famílias sobem o rio Xingu procurando as praias que surgem com o rio mais baixo, acampam, comemoram as férias. Se vê uma cidade mais descansada e vazia, quase sem preocupações. Dois outdoors à beira do Xingu anunciam que ali será construída uma das maiores hidrelétricas do mundo, Belo Monte. Se andar pela cidade, também será possível ver pichações contra a obra e, então, pode-se perceber que todo esse clima tropical vai acabar e que há medo de que isso realmente aconteça. A IHU On-Line entrevistou, via Skype, o professor Oswaldo Sevá que, recentemente, passou alguns dias na cidade paraense. “Pela primeira vez, fui para Altamira por minha conta e sem ter ligação com qualquer evento público que estivesse acontecendo lá nessa época. Fui como um cidadão qualquer durante o período de recesso escolar. Aproveitei para conhecer melhor a região”, explica.

Um comentário:

  1. Em poucas palavras podemos traçar uma linha do tempo na história da ocupação européia na Amazônia. No séc. XVII (1.616) é fincado à ponta de lança da ocupação da Amazônia brasileira com a fundação do Forte do Presépio, dando origem a cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará, capital estado.

    Passaram-se alguns séculos e pouca coisa mudou no sentido da expropriação e pilhagem que a região passa, onde as maiores vítimas são os Índios, as populações tradicionais e o ambiente todo.

    A construção de mega UH's, na bacia do rio Amazonas nada mais é que o continuísmo desses desmandos estatal, que se apresenta pouco preocupados com as conseqüências de tais ações arbitrárias, levando em conta apenas a necessidade por energia dos grandes projetos amazônicos e do centrosul do país.

    Vários são os problemas apresentados por pesquisadores com o advento de uma Grande Usina na região amazônica, um deles que está sendo estudo com mais critério, é a contaminação por mercúrio presente em solos hidromórficos encontrados em vários pontos da bacia.

    O mercúrio entra na cadeia alimentar, através pescado, base de proteína da população local, especialmente a traíra (Hoplias spp.) e o tucunaré (Cichla sp.), peixes muito apreciados pelos tapuios e indígenas. Estes exemplares são carnívoros e estão mais acima na cadeia alimentar, daí suas importância nesse contexto.

    Agora vejamos a construção de hidrelétricas leva necessariamente a criação de grandes lagos de água parada, ambiente ideal para a proliferação de tucunaré, que associados a solos hidromórficos pode ser uma combinação perigosa e insustentável a vida humana na região. O mercúrio no estado de metil mercúrio (MeHg) pode até matar uma pessoa, entre outros sintomas menos danosos.

    A pergunta é: é mais importante gerar energia para abastecer o Grande Capital ou zelar pela saúde e qualidade de vida das pessoas que vivem nas interland do quaternário norte desse país?

    Professor Enilson da Silva Sousa, Professor Efetivo da UFOPA, Programa de Geografia, doutorando em Ciências Ambientais na Universidade Federal de Goiás - UFG (Goiânia-Go).

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