quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Edmilson no BOCA DE FERRO da Central Única das Favelas do Pará


EDMILSON RODRIGUES - Candidato a Deputado Estadual

ENTREVISTA AO BOCA DE FERRO:


1- Há quanto tempo o senhor está afastado deste clima de eleição? E o que o motivou a tornar-se candidato este ano?

Na verdade, nunca me afastei da política.
Após os dois mandatos como prefeito de Belém, período em que tive o privilégio de coordenar o governo municipal mais premiado de todo o Brasil, sentia a necessidade de continuar minha formação, já que sou professor.
Assim, cursei o doutorado na USP em Geografia Humana durante alguns anos e agora estou de volta ao Pará. Porém, viajei o país a convite para colaborar politicamente com os mais diversos movimentos sociais e com o próprio PSOL.

2- O que lhe faz crer que seu objetivo, neste pleito, será alcançado?

Trata-se de um objetivo coletivo. Minha candidatura a deputado estadual pelo PSOL faz parte da estratégia de um partido novo que luta por resgatar a utopia da luta socialista e, ao mesmo tempo, elevar o nível de consciência e organização do povo.
Ao longo das últimas décadas, desde muito jovem ainda durante o período final da ditadura militar, tenho participado ativamente das lutas sociais e políticas.
Sou fundador e primeiro presidente do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará); fui fundador da CUT e do PT, partido em que militei por mais de 25 anos.
Por duas vezes fui eleito deputado estadual e, como disse, meu nome esteve no centro de um belo projeto de transformação política e cultural que realizamos em Belém, com a primeira vitória em 1996 e a reeleição em 2000,
Toda essa trajetória me dá muito orgulho e a certeza de que a população paraense tem grande consideração por nosso nome e deve nos reconhecer nas urnas em 3 de outubro.

3- No seu blog o senhor falar de uma saudade do que ainda não foi feito e garante que agora o fará. Qual seria motivo desta saudade?
O Blog Somos Todos Edmilson foi uma iniciativa de dezenas de amigos e companheiros de lutas e conquistas, verdadeiros poetas da liberdade e da felicidade. É um espaço democrático e voltado a disseminar ideias críticas pela blogosfera, este importante espaço de disputa contra-hegemônica.
Trata-se de um olhar algo poético sobre o que fizemos. E não se faz luta sem poesia, sem amor pelo gênero humano.
Fizemos muito, mas ainda temos muito por fazer. E faremos, com o apoio e participação do povo, com certeza.

4- Na época em que o senhor foi eleito, em 1996, poucos acreditavam numa vitória do seu partido e, no entanto ela aconteceu. Naquela época, e agora o senhor acha que o povo, aquele que elege de fato, estava, e está preparado para uma mudança verdadeira na política brasileira?
Nossa vitória em 1996 não foi um acidente. Tão pouco se deveu apenas ou principalmente pela divisão entre candidaturas da direita.
A eleição do primeiro trabalhador, filho e neto de trabalhador, para prefeito da mais importante metrópole amazônica respondeu, isto sim, a um longo acúmulo de forças, iniciado quase 20 anos antes, quando os movimentos sociais se levantaram contra a ditadura militar e se habilitaram a ocupar espaços na chamada redemocratização.
Como socialista, tenho fé no futuro. Tenho fé na capacidade criadora e transformadora do povo que vive de seu próprio trabalho.
Os avanços ocorrem de forma contraditória, mas ocorrem. Basta ter olhos para perceber.
O povo brasileiro vive um momento dramático. E, é importante reconhecer, muitos não se dão conta disso.
O clima geral é ainda favorável às forças conservadoras e neoliberais. Mas a história não possui um fim, nem as aspirações pela verdadeira mudança se deterá diante de nenhum muro intransponível.

5- Ainda nesta época a classe dos professores vibrou muito com sua vitória, talvez na esperança de enfim implementar o Estatuto do Magistério. Por quê isso não aconteceu?
O estatuto do magistério foi uma conquista dos trabalhadores em educação que eu ajudei a viabilizar como dirigente do sintepp e como Deputado Estadual. O nosso governo, além de implementá-lo avançou em vários aspectos importantes. Qualquer professor da Semec reconhece. A pergunta é sem fundamento. Nosso governo em Belém foi o que maiores avanços e conquistas assegurou para os trabalhadores em educação. Disso não há dúvida.
Fizemos mais do que valorizar o magistério. Valorizamos a educação e o cuidado com as crianças como uma opção estratégica. Os prêmios que recebemos - inclusive de Prefeito Criança - estão aí para atestar esse fato.
Mas é evidente que muito ainda precisa ser feito. E nossos compromissos com uma educação pública, democrática e de qualidade permanecem atuais, e estarão embasando nossa atuação nesta campanha e no mandato que tenho esperança de conquistar com o amplo apoio do eleitorado paraense.

6- O senhor fez parte da construção de um partido que fez história na política no Brasil. Diante de todos os escândalos que envolveram o PT, o senhor acredita de fato que é possível a população confiar em discursos “socialistas”?

Ser socialista é uma opção de vida. Não existe socialista entre aspas.
O PT no governo, a partir de 2003, frustrou as esperanças despertadas pela primeira eleição de Lula.
Isso se deveu ao abandono de seu programa e à adesão aos postulados do chamado Consenso de Washington.
A população deve preservar sua esperança no futuro. E o futuro da humanidade é o socialismo.
Em 2005, quando já não havia qualquer possibilidade de alterar a situação do PT "por dentro", eu e um grande número de militantes de todo o país resolvemos sair do partido e fundar uma nova alternativa. E esse projeto é o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade.

7- Um destaque chamou a atenção em seu blog, o livro que Fidel Castro lançou. O que teríamos (o povo brasileiro) a aprender com esta obra?

Cuba, esta pequena território rebelde cercado pela violência do grande capital por todos os lados, deve permanecer como um exemplo a iluminar a luta dos socialistas.
Claro, devemos entender os processos históricos, inclusive quanto aos seus limites.
O que inegável é o extraordinário avanço social e político alcançado justamente após a decisão de romper com o imperialismo e de construir, com todas as dificuldades do cerco que já dura mais de 50 anos, uma forma alternativa de organização social e política.

8- Com a eleição de Barack Obama o mundo percebeu que a internet é um veículo eficiente para conquistar eleitores e financiadores. O senhor se inspirou nele para pedi ajuda a seus simpatizantes?

Obama é a não mudança. É uma face renovada de uma velha política dos oligopólios e do capital financeiro mundial. Esses primeiros períodos de seu mandato já demonstram isso, frustrando aqueles que acreditaram em suas promessas de renovação política.
Entretanto, é verdade que ele utilizou bem o espaço da internet em sua campanha, inclusive no tocante à incorporação ampliada dos eleitores e apoiadores.

9- Vale tudo para garantir a vitória em uma eleição? Parcerias, alianças, enfim, vale tudo para o “bem do povo”?
Não, não vale tudo.
A política dos socialistas está sempre amparada por um firme compromisso com o programa de mudanças e por uma intransigente defesa do patrimônio público.
As alianças que estamos vendo por aí - espúrias e indefensáveis - são todas contra o povo.
É contra esse tipo de política que o PSOL se insurge.

10- Sua tese de doutorado teve o título “Território e Soberania na Globalização”. Nós que moramos na maior floresta tropical do mundo, tão cobiçada por todos, temos chances de garantir nosso espaço e nossa soberania? Como?
A pergunta exige uma resposta muito mais ampla, que foge ao escopo desse nosso bate-papo.
A soberania do povo brasileiro deveria ser o tema central dessas eleições.
Nós, amazônidas, temos um papel fundamental dessa batalha, porque é aqui exatamente que se joga a batalha do futuro.


11- O clichê “o jovem é o futuro do Brasil” tem algum fundo de verdade? O que fazer para que isso se torne real?
A juventude carrega em si um enorme potencial de se converter em instrumento das transformações sociais e políticas.
Mas é um tanto ingênuo tratar juventude no geral, sem qualificar melhor o termo.
Estamos falando da juventude pobre e daquela que vive de seu próprio suor.
Estamos falando da verdadeira faxina étnica que o capitalismo opera em nosso país, sacrificando ano após anos milhares de jovens, negros em sua grande maioria.
Por isso, a questão da juventude e a luta por sua organização deve ocupar espaço prioritário na campanha e na ação política dos socialistas. E é por isso que o PSOL e minha campanha em particular tratam desse tema com muito carinho.

Publicada originalmente no Boca de Ferro
É mais uma ferramenta que a Central Única das Favelas do Pará coloca a disposição do grande público. E para inaugurar este espaço, vamos convidar alguns candidatos aos pleito de 2010 a mostrarem suas caras por aqui. Aceitamos sugestões também, as enviem para: cufapara@gmail.com

2 comentários:

  1. Sempre coerente. Isto nos anima muito. Muita força!

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  2. estamos com vc nessa caminhada a assembleia legislativa ricardo de mosqueiro

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