O deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) cobrou do Sistema de Segurança Pública e do Judiciário paraenses rigor e urgência na apuração do atentado à bala praticado contra 12 trabalhadores rurais, ocorrido no último dia 21, no município de Eldorado do Carajás, no Sudeste do Pará. "É preciso que haja rigor nas investigações e nas punições
dos culpados - executores e mandantes - para que esse não seja mais um episódio
de conflito agrário de nosso Estado a ficar impune", disse, em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado, nesta terça-feira, 26. O parlamentar apresentou requerimento, que será encaminhado às autoridades e entidades do movimento organizado.
A tentativa de homicídio ocorreu na
Fazenda Cedro, do Grupo Santa Bárbara, pertencente
ao banqueiro Daniel Dantas, e ganhou repercussão nacional. Imagens gravadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mostram o
clima de tensão e violência: jagunços armados abriram fogo contra mais de 300 integrantes do MST, que marchavam rumo à Fazenda Cedro, que
fica as margens da BR-155, na divisa entre os municípios de Eldorado dos
Carajás e Marabá. Lideranças do movimento, afirmaram que os trabalhadores
iriam procurar a direção daquela fazenda para reclamar sobre o uso de veneno
e agrotóxico na terra que fica próxima a um dos acampamentos do grupo. Os 12 feridos foram levados ao hospital e as armadas dos jagunços foram apreendidas pela polícia.
A Fazenda Cedro já foi palco de crimes ambientais e de grilagem de terra pública, amplamente notificados. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), 6,4 mil hectares foram ilegalmente
desmatados, correspondendo a 92% da propriedade. Além disso, desde 2010 existe sentença judicial
determinando a reintegração de
posse para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de
área de 826 hectares pertencente ao projeto de assentamento Cedrinho.
"No mesmo município (Eldorado dos Carajás) ocorrera há 16 anos, ocorreu o Massacre de Eldorado dos
Carajás, que tirou a vida de 19 trabalhadores rurais", lembrou Edmilson. "Não podemos admitir que fatos como esse continuem se
repetindo em nosso Estado." De acordo com o relatório anual da Comissão Pastoral da Terra
(CPT), lançado no mês passado, o conflito no campo cresceu 15%, entre 2010
e 2011, sendo que a maioria dos assassinatos na disputa de terras ocorreu no Pará. "A violência no campo é resultado do avanço do capital para novas fronteiras. Por isso é grande a pressão sobre territórios indígenas, sobre áreas de
quilombolas, de ribeirinhos e de extrativistas." Edmilson também destacou que a impunidade é a mola propulsora dos crimes no campo. De 1985 a 2011, a CPT contabilizou 1.616 pessoas
assassinadas no campo, mas somente 97 foram a julgamento, dos quais somente foram condenados 21
mandantes e 79 executores.
Assessoria de Imprensa
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